Cabelo Cresce (A Crônica do Desapego)

Acho que poucas coisas me deixam mais angustiado do que cortar o cabelo. É um momento bem tudo ou nada em que você confia a uma pessoa o destino do seu cabelo durante as próximas semanas. Tenho certeza que para algumas pessoas é ainda pior, em especial quem gosta de cultivar a cabeleira para, após certo tempo, tentar fazer alguma coisa radical. Pode ser algo planejado, estudado de maneira bastante extensa, com referências do Pinterest e talvez vídeos no Youtube, ou pode ser algo impulsivo, decidido na hora, no salão.

Comigo é mais simples do que isso. Um dia eu falei para um barbeiro lá em Barcelona, do Yeees Barbers!, um lugar bem central onde os funcionários obrigatoriamente participavam de alguma tribo de raves, alguns eram mais bombados que Kléber Bam Bam e usavam aquelas camisas regata que mais pareciam um avental, e outros mais ou menos o oposto disso. Cheguei lá e disse pro cara que queria algo mais modernoso e que não seguisse o esteriótipo que um branquelo gordinho fosse ter. Dei essa liberdade e saí de lá com um belo topete rockabilly que eu faço questão de tentar conservar sempre que possível.

Voltei lá mais de cinco vezes, mais pelo preço do que pela música ambiente do lugar, que parecia ser uma playlist para quem vai para Ibiza e nunca mais encontrei o mesmo barbeiro. Desde então eu sigo a rota mais segura: para qualquer pessoa que vai cortar o meu cabelo eu mostro a mesma foto do dia que saí, super contente, com o visual novo.

Eu não sei exatamente se você, caro leitor, fica tão tenso(a) quando vai ao cabelereiro/barbeiro, mas eu fico. Se o corte não for o esperado, quem vai esperar sou eu para que ele cresça de volta, com um desgosto enorme. Acho até que o investimento em pagar mais vale a pena. Não porque eu acho que vou ficar igual a Brad Pitt ou Michel Teló, the Brazilian Brad Pitt(!), mas porque eu quero evitar, na medida do possível, que dê em merda.

Hoje fui cortar o cabelo num lugar recentemente apelidado pelo meu pai, de forma não tão carinhosa, de Cabelo Cresce. Já tinha ido lá duas outras vezes. Uma tinha dado errado, não catastroficamente, mas certo realmente não tinha dado. Dei uma segunda chance e foi melhor, mas antes disso meu progenitor tinha se lascado, o cabelo ficou parecendo um morrinho de cuscuz (daqueles que a gente brincava enquanto criança, “até a morte”) e ele, bastante cabreiro.

No final das contas, acabei indo lá mesmo, com o coração apertado e bastante apreensivo, mas com uma certeza: por mais que fique ruim, cabelo cresce.

 

Um pensamento sobre “Cabelo Cresce (A Crônica do Desapego)

  1. Ugo eu tenho o mesmo pavor quando vou cortar meu cabelo,sofro mesmo .Ainda bem que ele cresce…..Bj

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