Estatisticamente parado

Recomeçaram as aulas [já faz 2 semanas, mas tudo bem]. O bom [e de vez em quando ruim] da faculdade é que a cada 6 meses os professores mudam e dão um novo gás aos alunos. É também uma oportunidade pra conhecer mestres novos, de personalidades diferentes e de comportamentos diferentes. Sempre vão haver os mais legais e, infelizmente, os mais chatos, cabulosos e difíceis de aturar. Esses dias apareceu um professor novo que ninguém [imagino e espero] gostou.

Todos já temiam a cadeira de estatística, uma vez que até o nome assusta e remete a cálculos e outras coisas escabrosas que eu acho que ninguém esperava [eu esperava, uma das coisas que fiz foi ver a grade curricular antes de me matricular no vestibular]. Já tendo todo esse background negativo, eis que chega o professor Enock Gomes, um senhor bem tranquilo [infelizmente tranquilo até demais] e que, nas primeiras duas aulas que a gente teve com ele pouco mais fez que falar num quase monólogo lento, non-sense e cansativo. Lento porque ele é assim, não se estressa com nada, não tem pressa, é um cara totalmente zen. Non-sense porque ele conversou de tudo menos sobre a disciplina dele. Quer dizer, ele até falou, mas falou pouco e começou com umas conversas de cunho filosófico que pouco interessaram a quem tava por lá. Cansativo porque foi non-sense e lento. Ninguém gosta de passar duas horas olhando um cara falar de filosofia, psicopatas, imperadores, Sherlock Holmes x Mario Puzo, etc.

Por isso, ele já ganhou a antipatia quase geral da sala. Depois de conversar, ele escreveu no quadro um poema gigante [de mais de 20 estrofes com 4 versos cada] sobre a introdução à estatística. Isso causou uma estranheza geral na sala [admito que fiquei surpreendido também], embora quase todos tenham levado isso ao lado negativo. Não tenho nenhum problema com fazer poemas sobre a matéria, mas o povo parecia ter. Acho que é um diferencial do professor e é uma coisa bastante legal, embora ele tenha conseguido mais irritar as pessoas do que ensinar alguma coisa porque ninguém aguenta uma pessoa falando tão lentamente, muito menos eu.

Provavelmente ele não vai mudar, mas, para a minha alegria,  a cadeira dele só dura 6 meses.

Ugo.

Transatlantic – Live in Europe

LangenscheidtsTaschenwörterbuch, a sociedade do espetáculo.

Hoje, trocando emails com meu avô, ele veio me falar sobre a palavra LangenscheidtsTaschenwörterbuch, que nada mais é do que dicionário [Wörterbuch] de bolso [Taschen] da editora Langescheidt. Isso, por mais bizarro que pareça, é normal para os alemãos, tanto é que, segundo meu avô, há menos de 5 anos já tentaram separar as palavras e não deu certo, já que a galera não quis.

Aí eu pensei em pensar sobre exageiros. Vivemos numa sociedade em que o espetáculo reina e que as pessoas fazem questão de parar para aplaudir. Qualquer fato pode ser modificado e propagado para o mundo todo facilmente e, para completar, a própria imprensa não dá o exemplo. A gente vê que muitos fatos são distorcidos a torto e a direito só para causar sensacionalismo e, consequentemente, a atenção dos leitores/ouvintes/espectadores.

Toda essa sistemática dessa parte do jornalismo/publicidade modernos [que foram subornados pelo capitalismo]  me incomoda bastante. Colocam na televisão mulheres sem 1 real de conhecimento/inteligência/merecimento para apresentar programas de televisão que sobrevivem do interesse de boa parte da massa por coisas inúteis, ridículas e, muitas vezes, mentirosas. Qual a graça de ver um programa desses? Qual a graça de prestar atenção a um programa que faz o que Ratinho fazia anos atrás?

Hoje em dia, a televisão praticamente virou um circo onde os macacos estão enjaulados dentro da telinha, sendo eles os apresentadores, os atores/atrizes/músicos/demais-artistas que participam e os espectadores do auditório, que em vez de serem os espectadores, nada passam de mais um monte de macaquinho que fica pulando quando vê banana lá na frente das câmeras. Parece até banana com canela de tanta maquiagem que o povo atola nas atrizes. No nosso circo, os espectadores ganharam um prefixo, agora são tele-espectadores. São os bestas que compram pipoca para ficar vendo [e vibrando] com o besteirol tosquíssimo que passa na frente deles, sem filtrar/criticar/comentar nada. Tudo o que é exibido é absorvido e assim vão virando zumbizinhos a la ‘macaco quer banana’. Querem mais e mais. Agradecem as emissoras, porque quanto mais macaco quer banana, mais anúncio publicitário vai ter pra vender ‘hidratante monange’ pros macacos ficarem hidratados.

Eu sinceramente não vejo a mínima graça e/ou utilidade pública nesses programas. Pra falar a verdade, já desacreditei da televisão faz um bom tempo. A minha coitada só liga pra ver os jogos do glorioso Sport Club do Recife e um ou outro filme quando a falta do que fazer bate recordes mundiais. Sempre fui ‘elitista’. Só via os canais a partir do 13 [que aqui em Recife é a Globo. sendo 2, 4, 6, 7, 9 e 11 SBT, Record, RedeTV, MTV, Band e TV Cultura respectivamente] em diante [do 14 pra cima são os canais da NET, que é paga]. Por que isso? Porque eu já tinha parado de ver noticiário há um bom tempo. Os filmes eu já tinha deixado de assistir porque eram todos dublados e dublagem é um saco. Só restavam as novelas [eu já fui noveleiro, admito!] e as da Globo eram bastante melhores. Quando cansei de ver novela, o que me restou? Quase nada. Só os sitcoms de primeira qualidade que a rede Bobo sempre produziu, e isso eu parabenizo a eles. A Grande Família, A Diarista, Os Normais e os mais recentes que eu não conheço muito bem, são programas muito bons, muito bem feitos e que merecem ser vistos. Além deles, tinha as transmissões dos jogos de futebol, mas eu só recorria ao canal 13 quando a SporTV não transmitia, e quando via, era no ‘mute’.

E toda essa brincadeira do sensacionalismo continua, já que a publicidade e o jornalismo [ambos seres deturpados filhos de estupros realizados pelo capitalismo] são seres mutantes que vão se adaptando a todas as formas de mídia possível. Na internet, também é bastante fácil ver sensacionalismo barato. Uma pessoa que acompanha constantemente sites de notícias vez por outra se depara com um título bem escandaloso feito ‘LangenscheidtsTaschenwörterbuch, a sociedade do espetáculo.’, quando o texto nada mais trata de um protesto contra esse mal que está impregnado dentro de nós e que só tem a intenção de chamar a nossa atenção para fatos irrelevantes, maçantes e absurdamente toscos. Se você é um sensacionalista que se enquadra nos parágrafos daí de cima, espero que você MORRA.

Ugo.

David Bowie – Diamond Dogs [tirando Sweet Thing, que é bizarra, é um cd do caralho.]