Liberdade, censura, hipocrisia.

Sempre defendi a liberdade, e, consequentemente, a liberdade de expressão. Voltaire disse, e todo mundo sabe, “posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Agora, quando um usuário de um fórum vem declarar morte aos comunistas [e eu nem sou um, nem socialista, nem nada], me dá uma vontade de ir na casa do cara bater nele e deletar o tópico. Isso não é certo perante a liberdade de expressão, mas me parece o certo… e agora?

Ugo.

Zeca Baleiro – O Coração do Homem Bomba

Free

Quando viu Jorge voltando ao quarto, Zeca tranquilizou-se. Mais um delírio havia passado. Voltou ao que mais lhe importava no momento: ler seu livro. Porém, não teve sorte e, como que não estivesse a fim de dar trégua, Jorge voltou. Tinha uma pose comportada, apesar da loucura ser visível em seus olhos. Com uma pose que mais lembrava um filósofo grego dos tempos mais antigos, começou a discursar:

I wanna be free. And I will. Serei livre porque eu sei que quem quer, consegue. O impossível é uma barreira criada na mente e que deve ser desconsiderada. Nunca acharei que tudo é fácil, mas as ferramentas para tornar tudo possível estão aí. Precisamos apenas de vontade, dedicação e esforço, mais nada. O que existir além disso pode ajudar ou atrapalhar, mas nunca será essencial.

Ir contra a natureza, logicamente, não dará certo. Não posso querer voar porque não nasci para isso. Porém, sei que se um dia quiser sair do chão, posso encontrar minhas maneiras. De um simples pulo a estar em gravidade zero, mas sei que um dia irei descer de volta. Não posso ser imortal porque ninguém é. Posso, entretanto, prolongar minha vida até onde der, sabendo sempre que morrerei algum dia.

Minha liberdade não está mais longe do que já esteve um dia. A evolução da vida e do pensamento nos leva a ela. Seja a liberdade espiritual, onde cada vez mais procuramos a verdade e esqueçamos os mitos. Seja a liberdade política, a partir do momento em que derrubamos tiranos e livramos nosso povo de ditaduras. Seja a liberdade individual, aquela que um dia terei. Talvez até já a tenha, mas não total. Posso ir aonde quiser, certo? Mas não quero só isso. Quero o mundo, as estrelas e o universo. Isso ainda não tenho, todavia posso ter, por que não? Posso viajar ao infinito, experienciar o que ninguém nunca nem pensou que existisse. Posso transcender.

Cada passo que dou é rumo à minha liberdade, porque é ela que eu quero e é ela que eu conseguirei. E nessa caminhada, creio não precisar de muita coisa. Música, amigos e um amor já saciam minhas necessidades. Não sei para que, nem por que, iria querer mais.”

Jorge acenou despedindo-se de Zeca e voltou ao seu quarto. A febre parecia não baixar nunca.

Ugo.

Supertramp – Breakfast in America [ não ouço Supertramp, mas tava tocando esse cd aqui. Gostei.]