Funcionário do Mês

Trocou o anti-inflamatório por whisky e o escritório por um caderno de anotações. Fez a coisa certa. Agora toda sua angústia estava deixada de lado, ao menos momentaneamente.

Seu corpo ainda se recuperava do acidente e ainda não tinha nem tirado os pontos, mas o remédio tinha acabado e uma bebida de quinta categoria certamente era mais barata e servia para o mesmo propósito.

Deitava em sua cama debruçado sobre seu caderno e escrevia o que vinha em mente. Letras nunca musicadas sobre amores que nunca existiram, cartas de ódio para pessoas distantes e poemas sem a mínima noção de estética. Não se incomodava pelo fato de não ser um grande escritor. Na verdade, a ideia do anonimato, uma garrafa de whisky e seu caderno já o agradavam o suficiente.

Queria largar a gravata que apertava sua garganta, o ambiente que lhe sufocava, a infinidade de tarefas que lhe tirava a paciência. Perguntava-se todo dia em que momento as pessoas decidiram trocar a vontade de viver por mais horas de trabalho na sua conta no final do mês.

Era incrível ver o sacrifício de cada um, mas pior ainda era lembrar que ele tinha tido sua cota de loucura nestes cinco anos de seguradora. Era Tom, o funcionário do mês. Aquele que mais havia entregue sua alma ao mundo dos seguros.

Técnicas de negociação infalíveis, resultados invejáveis e uma depressão crescente. Transfundia sua vida por dinheiro e tornava-se cada vez mais um escravo da rotina. Sem família, sem namorada, sem amigos. Apenas colegas de trabalho e nada mais.

Não foram os flashs ou a luz branca que o fizeram perceber o que estava errado em sua vida, mas sim o momento em que pode, após cinco anos sem férias, deitar em sua cama com um whisky e um caderno e, finalmente, perceber que só vivemos uma vez e o tempo passa muito rápido.

 

Let’s say chaos

Do mesmo jeito que Sheldon no começo da primeira temporada de The Big Bang Theory estava agoniado com a organização da casa Penny, eu quase tive um ataque durante um trabalho de informática que apresentei há pouco mais de uma hora.

Meu grupo, formado por meusmelhores amigos da faculdade, conseguiu se mostrar o mais caótico e desentrosado possíve. Pra falar a verdade, nossa organização [em trabalhos passados] nunca foi muito primorosa e sempre acabamos correndo contra o tempo vez de utilizá-lo a nosso favor, mas dessa vez não sei o que aconteceu.
As pessoas estavam bem mais irritadiças que o usual e todos os comentários que fossem fora do tom desejado logo eram alvos de críticas.

Era difícil tentar manter o bom humor quando quase ninguém cooperava, e eu acabei cedendo^: me irritei também e comecei a ser excessivamente irônico. Obviamente, ninguém gostou.

É claro que tem um mea culpa aí no meio, mas garanto que não sou o maior o maior responsável. Não entendo como meus amigos estavam se estressando tão facilmente com esse trabalho sendo que as aulas já tinham acabado e pra maioria só havia mais uma prova a se fazer, enquanto eu participo de um programa de trainee [ok que Rafaela trabalha na FCAP Jr, Nexinha tá no mesmo programa trainee, Bela trabalha e Alice tem a faculdade de design pra conciliar, mas não justifica], tenho 2 provas pra fazer OBRIGATORIAMENTE amanhã e sexta, uma reunião pra marcar, 2 blogs pra fazer e o projeto de integração do programa trainee, que eu ainda fui incumbido de ser o gerente do projeto.

Eu tentei o máximo ser relaxado e evitar tanto estresse, mas não foi possível, não sou o cara mais paciente do mundo, tou longe de ser.

Sei que esse trabalho foi um drama [desnecessário] monstruoso pra ser concebido, gerou atrito, gerou confusão e provavelmente todos devem estar putos/chateados/qualquer-sentimento-trash comigo, mas não adianta atirar pedra porque o meu comportamento foi apenas uma REAÇÃO, então pensem em si mesmos antes de tudo.

A apresentação do trabalho correu muito bem e o professor gostou.

Beijos

Transatlantic – The Whirlwind [um dia esse cd edição especial chega por aqui!]