Num bar, encontramos vários tipos de pessoas diferentes: os mais tímidos, os amigos, os casais, os acasalandos, os amantes e, invariavelmente, os sociais. Os sociais são aqueles que estão lá, sempre sorridentes, conversando com tudo e todos, que sempre se levantam da mesa e saem pra falar com todo mundo, afinal o barzinho é um ótimo lugar para se socializar.
Um tímido não teria iniciativa para ir falar com alguém que não conhecesse bem. Os amigos provavelmente só se levantariam se vissem que a pessoa notou sua presença. Os casais e os acasalandos geralmente pouco estão se importando com os outros e os amantes não querem ser vistos [não sei nem porque eles estariam num barzinho juntos, mââs..]. Os sociais, entretanto, caçam as pessoas para conversar. Há a necessidade de ‘fazer a média’, de renovar e criar contatos e tudo mais.
Esses seres podem manifestar-se de várias formas. Tem sempre aquele cara que é superamigão do garçom e usa o coitado do funcionário do bar como um troféu para mostrar a sua relação com o bar e o quão à vontade com o bar está. Ele chega lá e, quando possível, já vai gritando para o bar todo ver que ele conhece todo mundo que trabalha lá. Ele [raramente ela] senta-se com pose de rei no lugar, pede ‘a de sempre’ e pede pros amigos se sentirem em casa também. Mas ele tá lá, na dele, com os amigos dele.
Pior é o que adora iniciar conversa com as mesas adjacentes: começa a conversar com qualquer pessoa por perto, fala bem alto pra todos ouvirem e fica olhando fixamente em nossos olhos esperando uma risada, uma resposta. O pior disso é que eles geralmente não estão sozinhos [via de regra estão constrangindo os amigos que estão na mesa] e não teriam algum motivo aparente para ficar conversando com os outros. São uns seres meio estranhos que a gente não entende porque eles agem assim, mas não tem muito pra onde correr. Só resta o método Sorria e Concorde® para dispersar esse ser muitas vezes inconveniente, isso quando alguém da nossa mesa não simpatiza com o cara e começa a puxar conversa, porque aí lascou.
Um ser social estranho, mas que existe, é aquele que começa a conversar com uma pessoa e, vendo que tem um amigo dessa pessoa desconhecido, começa a puxar conversa incessantemente pra forçar amizade. De vez em quando dá certo, a pessoa gosta da conversa, o amigo em comum vai embora e os dois viram super amigos em meia hora. Quando não dá certo, rapidamente a pessoa inventa alguma desculpa [banheiro, telefone chamando, hora de tomar o remédio controlado -isso não acontece, que pena-, etc.], porque ficar conversando com um alucinado desses supercarente de amizades nem sempre é uma experiência muito legal.
Há uns que vão pra balcão de bar sozinhos [até House já fez isso, mas de maneira diferente] e começam a puxar conversa com os outros. Eles, em alguns casos, começam fazendo comentários ao bartender/dono do bar [seres que sempre vão dar corda para não perder o cliente]. Muito provavelmente, em pouco tempo encontrarão uma pessoa com a mesma intenção e vão começar o bate-papo, tendo posteriormente a presença de mais novos-amigos e, no final da noite, vão sair como se fossem amigos há vários anos. Essa é a reunião de vários supercarentes [uma pessoa carente, acho eu, não chega ao cúmulo de ir a um bar sozinha procurar amigos desse jeito] que, sabe-se-lá-por que-diabos não têm amigos para acompanhar nessa ida ao bar.
Esses foram os tipos que me vieram à cabeça, se alguém tiver mais ideias…
Ugo.
Zeca Baleiro – O Coração do Homem Bomba Vol. 1&2 [ faltam só algumas semanas pro show dele por aqui, eba!]