Ode à mazela

[mazela, no meu palavreado coloquial remete a preguiça, falta do que fazer, tédio]

Chega mais uma sexta-feira assim como poderia chegar mais um feriado ou recesso do trabalho.  Ela demora, mas chega. E a felicidade que vem anexa é incrível e até revigorante depois de uma cansativa semana, de um cansativo ano.

A primeira vontade que se tem é de fazer tudo que era desejado e não podia ser feito. Principalmente as coisas mais animadas e que nos custam mais energia, festas, beber, jogar, etc. Buscamos a exaustão física e mental.

Porém, para mim, o mais importante de um momento em que estou sem trabalhar, é chegar ao estado de mazela. É como ficar em transe após uma meditação feita por algum monge budista que pratica isso há anos. A mazela, a assim como a meditação, é o momento em que não se tem em mente mais nada. Não se pensa em movimentar, não se pensa em se preocupar ou em querer fazer alguma coisa, no fim das contas, não se pensa.

A mazela é o tudo gerado a partir do nada, a maneira de se relaxar da maneira mais completa possível. De se constatar que não há mais nada a se fazer e ficar contente com isso.

Porém, assim como a meditação, a mazela chega a um ponto que irrita e causa angústia, mas este é o exato momento em que a mente chega à conclusão de que está recuperada e pronta para mais uma exaustiva jornada em busca de gastar cada ponto de energia e fazer o corpo implorar, mais uma vez, pela sua querida mazela.

Ugo.

Ellie Goulding – Lights [ajuda a relaxar]

Psycho

É assim que eu chamo mentalmente minha querida/odiada companheira de apartamento. Abelin, a francesa que divide o ap junto a mim e a Mària, é um ser a parte, tão atípica que eu acabo me identificando com ela, embora em vários momentos discorde do comportamento dela.

Assim como eu, ela passa quando está em casa tá vendo seriados e só sai do quarto para ir no banheiro ou na cozinha, voltando o mais rápido possível. Uma coisa que eu faço também, porém com um detalhe: quando alguém passa na minha frente eu dou um hola, enquanto ela só fala se requisitada. Ela tem uma certa obsessão por limpeza e organização que tem seu ponto forte: ela organiza as coisas da cozinha, embora faça algumas coisas sem avisar, como por exemplo tirou minhas coisas de uma prateleira que devia ser dela e colocou numa prateleira vazia. Não vi nada contra isso, até porque o motivo era bem óbvio, mas o que custava ter me avisado que tinha colocado?

Quando eu cheguei em casa do Integration Weekend [cujo post deve sair hoje ainda], tinha um papel pregado na geladeira informando como era a limpeza da casa, com ela dizendo que era semanal e a cada semana uma pessoa faria a limpeza. Por mim tá beleza, se a senhorita disse…

Ela é estranha e é muito na dela. A eslovaca disse que ela só anda com as amigas francesas dela e já recusou vários convites para sair.

Ser estranho, mas inofensivo. Acho que vai custar muito para que eu pare de chamá-la mentalmente de psycho.

Ugo.

Edward Sharpe & The Magnetic Zeros – From Below

A Orkutização do Twitter

A gente tá vivendo uma parte da vida digital em que acontece a Orkutização do Twitter. Hoje em dia, o que você mais vê é pessoas implorando para terem seguidores, mil e quinhentas promoções que seus amigos participam e só fazem lotar a sua timeline e spam, muito spam. Principalmente de vírus [nada mais comum], mas também spam de bandas. Por que diabos eu iria ouvir uma banda que quer me obrigar a dar atenção a ela? Que boa impressão isso traz pra mim? Quem é que gosta de uma banda que fique enchendo o saco sem pedir permissão? Então morre, diabo!

Mais outra, o que significa você ter 2000 seguidores no Twitter, 3000 amigos no Orkut, etc.? O que você ganha com isso? Para aí e reflete a diferença entre 100 e 2000 pessoas lendo a merda que você posta no dia a dia [ah, caiu a ficha por que você não tem tantos amigos? É verdade, ou você usa moderadamente o twitter ou você é um motherfucker que fica implorando seguidor e não coloca nada de útil, sacou?], a diferença é nenhuma. Eu, com meus quase 500 seguidores [sendo 300 deles spam/lojas/gente que segue todo mundo e eu não tenho a mínima ideia de quem seja], mal noto a diferença entre quando eu tinha 100, 150. Isso porque você sempre vai ter seu core de amigos e são eles que fazem as coisas importarem, o resto é resto.

A Orkutização do Twitter veio do fato de que agora o Twitter é modinha. 1 ano atrás [parei agora de escrever porque chegou um email, oba! Fui ver: Club da Parceria está lhe seguindo no Twitter. Que bom, soma aí mais 1 seguidor e mais 1 loja me seguindo, jurando que eu vou seguir de volta] poucos tinham aderido ao passarinho azul, desses poucos, 10% usavam com uma frequência satisfatória. Agora que todo mundo tá lá, inclusive as grandes estrelas nacionais, internacionais e virtuais [é, tem gente que virou famoso por causa do Twitter, viva as web-celebridades!], tá rolando uma grande imigração pro Twitter no mesmo esquema de quando rolaram as políticas de inclusão digital e a galera descobriu o Orkut. É lógico que acaba tendo um certo preconceito, mas não estou argumentando sem razão. A cultura dessa galera latecomer é diferente dos ‘pioneiros’ [aqueles que vivem em redes sociais, trabalham com isso, etc. e os formadores de opinião], que por sua vez é diferente dos que chegam num segundo momento e assombrosamente diferente dessa galera que chega por último, quase que num processo de expulsar os pioneiros para que eles vão procurar alguma outra rede social por não aguentarem a cultura dessa galera nova.

Hoje, a moda é o Facebook. É moda, mas ainda não chegou nem um pouco perto do pico que um dia vai ser, mas vocês vão ver: já passou a 1ª onda [dos pioneiros], estamos na 2ª onda [o segundo momento] e daqui a uns meses chegam os latecomers. Por que eu acho que talvez os pioneiros não saiam do Facebook com tanta facilidade? Porque o Facebook é global. Apesar de num futuro próximo a experiência ao usar o Facebook piore bastante porque muito ‘amigo’ seu só vai fazer te mandar spam, convidar pra festa desinteressante em que o cara provavelmente é promoter e tal, não vai ser tão fácil de se desprender. Eu mesmo fico lutando com minha consciência para deletar minha conta no Orkut. Já pensei várias vezes, mas ainda tenho muito amigo meu por lá que ainda não chegou no Facebook e eu não quero perder contato [nem minhas fotos, tenho que tirar um dia pra sair salvando uma por uma]. Mas será que eu uso o Orkut como usava 2 anos atrás? No way, cumpadre. Quando chega ‘scrap’ [que nem chega mais hoje em dia], eu vejo pelo email se é algo interessante, se merecer resposta eu entro lá e respondo, mas para mim não serve para nada. 95% das pessoas interessantes para mim já estão no Facebook, a minha home do Orkut só tem spam, para que eu vou entrar?

Um dia eu cometo Orkuticídio, prometo.

Ugo.

Mayer Hawthorne – A Strange Arrangement [soul moderno, vai no Youtube e confere as músicas, é massa.]

Inspire…

A inspiração é um processo essencial para o ser humano, fisicamente e psicologicamente falando.

Do mesmo jeito que é impossível você viver sem respirar, é tão impossível quanto conseguir viver sem ter algo que te inspire a viver.

É engraçado o que acontece quando você acorda sem ter um rumo, pois o dia passa da maneira mais arrastada e torturante possível, somente porque você não sabe aonde vai e fica inerte ao mundo, como um boneco inflável de posto de gasolina.

Infelizmente, a gente não fabrica comprimidos de inspiração, pois se isso fosse possível tudo seria mais fácil. Entretanto, nessa era da informática as barreiras para se procurar algo onde se espelhar e traçar novos rumos é mais frágil. Você pode olhar no jornal online, no Youtube ou twitter algo interessante e que valha a pena se esforçar para conseguir ou seguir.

Tão infelizmente quanto, há dias em que achar essa inspiração fica difícil, pois ela parece estar escondida e todos os fatos que poderiam ser fatos geradores de motivação interna para os outros parecem cada vez mais incompatíveis para o angustiado sem inspiração.

Hoje mesmo passei o dia sem saber direito o que fazer, praticamente sem ter vontade de mexer. Por sorte minha, vi um filme que me ajudou a passar dessa fase obscura. Agora espero poder prosseguir meu dia que já virou noite com um pouco de paz no coração.

Valeu, Bukowski.

Ugo.

Spock’s Beard – Snow

O tempo e a distância

Numa amizade ‘ativa’, a frequência [prefiro com trema] com a qual as pessoas mantém contato pode ser considerada um termômetro do relacionamento. Todo dia falamos com uns preferiti e de vez em quando conversamos com os que não fazem parte desse seleto grupo. Esses favoritos são aqueles que, caso você passe mais de um dia sem falar com eles vai haver um certo estranhamento por parte dos dois. Por mais ‘séria’ que a palavra rotina pareça, ela se aplica aqui. Cria-se esse hábito e com ele uma certa necessidade de gastar uns minutos da vida hablando com os melhores amigos, enquanto tanto faz conversar com os restantes como ignorá-los.

Quando começamos a nos distanciar das pessoas, seja porque agora elas estão ocupadas, seja porque estão passando por situações difíceis ou simplesmente por estarem enchendo o saco de você [lógico que pode ocorrer o inverso em qualquer uma das 3 situações], certamente iremos buscar satisfações porque ninguém gosta de enfraquecer um relacionamento positivo [seja feita a exceção para House]. Depois dessa fase de estranhamento e busca por perguntas, chega um momento em que o novo ‘hábito’ é acostumar-se com essa distanciação. Pararemos de questionar e tentamos dançar conforme o novo ritmo, uma coisa que nem sempre é muito fácil [entenda-se que quanto mais você gostar dessa pessoa, mais difícil fica].

[pausa pra almoçar, pra retomar o raciocínio es fueda]

Com esse comodismo, o relacionamento geralmente se estabiliza num nível bem abaixo do que já foi um dia. Porém, se um dia a pessoa que já orbitou por perto e acabou indo exorbitar lá na casa de chapéu decide voltar a circular pelo sistema ao qual já pertenceu uma vez, ela vai perceber que as coisas não são iguais e que o tempo e a distância [arrá, cheguei no objetivo do post] deterioraram o que já foi um relacionamento forte algum dia. No sistema solar, acho que quando um planeta começa a fazer parte dele há um certo estranhamento por parte dos planetas mais antigos [METAFORICAMENTE] e é assim que acaba acontecendo com esses que depois de certo tempo querem retomar a amizade: voltam ao status de ‘ser estranho’.

É muito possível que nessa tentativa de retomada de relacionamento ‘a vibe não flua’ [como diria Joh] e as coisas nunca voltem a ser o que já foram um dia. Assim como tudo pode voltar ao normal, não é raro isso acontecer, vale ressaltar. Tem também aquelas pessoas especiais que tanto faz ficarem 3 meses ou 10 anos longe [não é ‘tanto faz’ porque ninguém vai querer essa distanciação de alguma pessoa querida] e tudo volte ao normal em pouquíssimo tempo.

Então, basicamente é isso: se você começa a se distanciar de uma pessoa vai ter [possivelmente] bastante dificuldade de reaproximar-se [justamente como sistemas solares, eu acho].

Ugo.

Nuda – Menos Cor, Mais Quem [bom demais esse cd, visitem: www.myspace.com/sitionuda]

Ser rico

[Esse post retoma o ‘estilo’ antigo do blog. Não que as histórias de Zeca e Jorge tenham acabado, jajá eles aparecem..]

Todo mundo quer ser rico. Não conheço um que não queira. Por mais socialista que seja, por mais zen, desligado de interesses materiais e blábláblá, sempre vai ter alguna cosita que para ser obtida o pré requisito [com hífen ou sem hífen?] será ter dinheiro.

A gente vive num mundo capitalista. Não é um país capitalista nem um bocado de países capitalista. É o mundo inteiro. Os mais ricos sempre querem mais dinheiro, enquanto os mais pobres tentam ter algum dinheiro. É assim que vivemos desde os primórdios, quando a galera caçava jacaré na lagoa e colhia frutos no melhor estilo Age of Empires. Os que tinham mais recursos, mais grana [lógico que no começo o poder econômico se media com coisas legais que hoje não valem nada, feito sal], etc. mandavam. Quien puede, puede. Quien no puede, se sacuede*.

Nessa busca infindável por dinheiro, eu consigo ver o mundo dividido em dois espécimes: o ser rico e o ser pobre. Essa divisão, por mais estranha que venha a ser, não é em relação a quanto cada um tempo no banco/bolso/porquinho. É simplesmente em relação à mentalidade da pessoa [e isso parece ser genético].

O ser rico geralmente tem dinheiro e, se não tiver, ele tem grandes chances de ter. Isso é devido ao simples fato de que ele sabe o que fazer com o dinheiro, ao invés de gastar alucinadamente com um monte de quinquilharia. Ele entendeu que vale mais a pena ir atrás de preços melhores, barganhar, etc. Claro que, ao ter dinheiro, ele vai gastar com coisas boas. Afinal, não sei se alguém ainda não sabe, mas… quando a marca é reconhecida como de alta qualidade, as chances de quebrar e dar aperreio [por mais bizarra que a expressão dar aperreio seja] são bem menores. Nenhum ser rico quer ter que ficar correndo atrás de assistência técnica pra consertar o ventilador made in China que ele comprou por 30 reais. O mais importante num ser rico é que ele sabe dar valor às coisas. Ele toma cuidado com o que tem, não deixa quebrar nem dá vacilo para roubarem. E é por isso que acabam conseguindo juntar dinheiro.

O ser pobre, por outro lado, vive o oposto. O dinheiro que ele sai tão rápido quanto entra. [Lógico que, com as definições desse post, eu não vou apresentar a solução da pobreza mundial nem vou explicar por que diabos o mundo é injusto. Esse post é só uma divagação que acaba sendo mais aplicável à classe média/alta do nosso país, uma vez que a classe baixa esforça-se a cada dia para conseguir sobreviver, já que não são dadas condições de ter uma vida digna a eles.] Então, o ser pobre classe média/alta simplesmente nã osabe acumular riquezas. Se um dia na vida ele ganhar grandes quantias de dinheiro, ele vai se achar demais e vai acabar gastando tudo. Isso é muito simples: a pessoa vive a vida toda numa desgraceira, tentando melhorar as condições financeiras e, quando consegue, ele tem que ficar pedindo desconto, indo atrás de mil lojas, etc? A pessoa sente que ganhou essa batalha contra a falta de dinheiro e agora quer sossego.

O problema é que esse sossego tão desejado transforma-se em comodismo. Se uma pessoa não se esforça para achar soluções para gastar menos, é lógico que cada vez mais vai sobrar menos dinheiro, não tem pra onde correr. Outro vilão do ser pobre é o banco. Bancos adoram aqueles caras que já têm uma renda relativamente boa e que ainda querem mais. Esses acabam virando clientes vip do cheque especial, do cartão de crédito e daqueles parcelamentos em até 36 meses, e aí os juros comem no centro. A solução é simples, embora sejam poucos os que queiram adotá-la: segurar as rédeas até pagar tudo o que deve ao banco. Depois disso, só resta aprender a gastar menos com besteira e estabilizar a conta no azul pro resto da vida. Além disso, o que um ser pobre precisa é de simancol em doses altas. Uma vez que ele aprender a dar valor ao que tem e não achar que vive na babilônia só gastando, gastando e gastando, mais possivelmente ele se tornará um ser rico.

A diferença entre os dois é bastante simples. Esse post não é lá dos mais originais [é uma mistura do Capitão Óbvio com um livro que o professor de economia mandou ler chamado ‘O Milionário Mora ao Lado’, sei-lá-de-quem], nem é dos mais legais nem nada. Mas eu tava a fim de escrever, e ponto final.

Agora, só me resta ir comprar um caminhão de Simancol pra mim, quem sabe a situação não melhora…

Ugo.

The Beatles – Abbey Road [clááássico! Mean Mr. Mustard/Polythene Pam/She Came In Through the Bathroom Window/Golden Slumbers/Carry That Weight uhul!]

Fazendo revoluções pela web

Vendo todo esse escândalo do maldito José Sarney na mídia, a gente pode observar a beleza que é a internet. Os meios de comunicação tradicionais [televisão, jornais, rádios] todos têm donos, donos que têm sua visão do mundo [de acordo com seus interesses, claro] e que querem publicar as coisas de forma que lhe agradem. Aqui não. A internet é livre [e foda-se a Lei Azeredo, a APCM, a RIAA e quem estiver no mesmo bonde] e a liberdade de expressão aqui é plena [se você achar que não é, vai no http://baywords.com/ – embora por enquanto não esteja aberto para registros- que lá não tem censura alguma].

Um dos comandantes dessa cruzada contra Sarney é Marcelo Tas (@marcelotas), uma das pessoas mais influentes da mídia atual [sendo que, no caso dele, ele não é fantoche de emissora e o programa que ele participa, o CQC, é bem mais livre pra falar mal dos outros], está comandando uma tropa de mais de 100 mil pessoas via twitter [claro que não são todos que entram no site e participam, mas é uma galerinha considerável, dá pra ser medida em milhares facilmente]. Por lá, circulam informações de todos, sempre repassadas pelo careca e que acabam ricocheteando por toda a web brasileira [não tooda, mas um bocado de gente lê].

A revolta que está sendo fomentada pelo povo atinge o país inteiro, já que até quem mora nas regiões mais remotas do Brasil tem acesso à internet, ainda que de forma bastante precária. Podemos mobilizar uma nação [ou mais nações, dependendo da amplitude do problema] com simples mensagens na web, que podem transformar-se em debates e num fluxo de troca de informações impressionante, tudo a um preço ínfimo [se a média do preço da assinatura  mensal de uma internet banda larga aqui for R$100, por exemplo, dá R$3,33 por dia ou R$0,14 por hora – preço que nem se compara com o custo de enviar cartas, imprimir jornais de discussão ou telefonar] e com uma eficiência enorme. Hoje, dar uma opinião é a coisa mais fácil do mundo: a maioria dos sites tem espaço para comentários e lá mesmo pode acabar ocorrendo um debate entre os leitores [e, por que não, o autor] que pode vir a tornar-se algo mais sério.

Por sinal, pensei agora no Porto Musical, evento de música e tecnologia que teve aqui em Recife. O custo de uma convenção dessas deve ser centenas de vezes maior do que se fosse criado um ambiente na web em que os palestrantes pudessem publicar suas palestras e as pessoas comentarem numa espécie de chat, seja ele com áudio e vídeo ou não. É claro que é diferente e não tem a mesma interação que teria num ambiente real, mas isso é detalhe, já que a troca de informações vai ser a mesma. Imagino, num futuro muito breve [apesar de ser possível agora, se quisessem], fóruns e convenções [seja lá qual for a diferença entre um fórum e uma convenção] pela internet com dezenas [quiçá centenas] de webcams conectadas. Além dessa parte presencial, é importante também a escrita, com locais para publicarem textos, comentários e fomentar discussões.

Não é difícil implantar algo desse tipo que eu acabei de dizer [pode ser até que já exista algo igual, embora eu não conheça], mas por enquanto a ideia de transformar esse virtual em ‘realidade’ bate de frente com o pensamento de que as pessoas ainda não estão o suficiente acostumadas com a internet. Claro que há algumas ferramentas mais complexas e que não são todos que as dominam, mas creio que boa parte da população [acho que dos brasileiros são 40 e poucos milhões conectados habitualmente] tenha capacidade de aprender a postar [abrasileiramos esse verbo, uhul] vídeos, textos, fotos, etc. Com pouco tempo pode-se jogar tudo aos ares, mais precisamente às nuvens e evitar todo esse gasto que há atualmente.

Por sinal, eu tava falando [mal] de Sarney e pulei pra um assunto meio nada a ver… mas é assim mesmo quando um texto é espontâneo. Aqui não tem gesso pra moldar o que vou escrever. Só sei que, se o agito continuar do jeito que está, muitos protestos e passeatas ocorrerão e esse maldito filho do capeta vai cair. E Lula cada vez me irrita mais ao defender ele, ao sancionar MPs que tornam grileiros proprietários legítimos de terras ocupadas ilegalmente, etc. Mesmo que houvesse uma terceira eleição, não votaria nele nem a pau [e que venha uma família petista falar, já tou vendo..].

Não tenho mais nada a dizer, por enquanto.

Ugo.

Faith No More – The Real Thing [vim descobrir Faith No More agora, por que demorei tanto? :~~]

Supersocialização de barzinho.

Num bar, encontramos vários tipos de pessoas diferentes: os mais tímidos, os amigos, os casais, os acasalandos, os amantes e, invariavelmente, os sociais. Os sociais são aqueles que estão lá, sempre sorridentes, conversando com tudo e todos, que sempre se levantam da mesa e saem pra falar com todo mundo, afinal o barzinho é um ótimo lugar para se socializar.

Um tímido não teria iniciativa para ir falar com alguém que não conhecesse bem. Os amigos provavelmente só se levantariam se vissem que a pessoa notou sua presença. Os casais e os acasalandos geralmente pouco estão se importando com os outros e os amantes não querem ser vistos [não sei nem porque eles estariam num barzinho juntos, mââs..]. Os sociais, entretanto, caçam as pessoas para conversar. Há a necessidade de ‘fazer a média’, de renovar e criar contatos e tudo mais.

Esses seres podem manifestar-se de várias formas. Tem sempre aquele cara que é superamigão do garçom e usa o coitado do funcionário do bar como um troféu para mostrar a sua relação com o bar e o quão à vontade com o bar está. Ele chega lá e, quando possível, já vai gritando para o bar todo ver que ele conhece todo mundo que trabalha lá. Ele [raramente ela] senta-se com pose de rei no lugar, pede ‘a de sempre’ e pede pros amigos se sentirem em casa também. Mas ele tá lá, na dele, com os amigos dele.

Pior é o que adora iniciar conversa com as mesas adjacentes: começa a conversar com qualquer pessoa por perto, fala bem alto pra todos ouvirem e fica olhando fixamente em nossos olhos esperando uma risada, uma resposta. O pior disso é que eles geralmente não estão sozinhos [via de regra estão constrangindo os amigos que estão na mesa] e não teriam algum motivo aparente para ficar conversando com os outros. São uns seres meio estranhos que a gente não entende porque eles agem assim, mas não tem muito pra onde correr. Só resta o método Sorria e Concorde® para dispersar esse ser muitas vezes inconveniente, isso quando alguém da nossa mesa não simpatiza com o cara e começa a puxar conversa, porque aí lascou.

Um ser social estranho, mas que existe, é aquele que começa a conversar com uma pessoa e, vendo que tem um amigo dessa pessoa desconhecido, começa a puxar conversa incessantemente pra forçar amizade. De vez em quando dá certo, a pessoa gosta da conversa, o amigo em comum vai embora e os dois viram super amigos em meia hora. Quando não dá certo, rapidamente a pessoa inventa alguma desculpa [banheiro, telefone chamando, hora de tomar o remédio controlado -isso não acontece, que pena-, etc.], porque ficar conversando com um alucinado desses supercarente de amizades nem sempre é uma experiência muito legal.

Há uns que vão pra balcão de bar sozinhos [até House já fez isso, mas de maneira diferente] e começam a puxar conversa com os outros. Eles, em alguns casos, começam fazendo comentários ao bartender/dono do bar [seres que sempre vão dar corda para não perder o cliente]. Muito provavelmente, em pouco tempo encontrarão uma pessoa com a mesma intenção e vão começar o bate-papo, tendo posteriormente a presença de mais novos-amigos e, no final da noite, vão sair como se fossem amigos há vários anos. Essa é a reunião de vários supercarentes [uma pessoa carente, acho eu, não chega ao cúmulo de ir a um bar sozinha procurar amigos desse jeito] que, sabe-se-lá-por que-diabos não têm amigos para acompanhar nessa ida ao bar.

Esses foram os tipos que me vieram à cabeça, se alguém tiver mais ideias…

Ugo.

Zeca Baleiro – O Coração do Homem Bomba Vol. 1&2 [ faltam só algumas semanas pro show dele por aqui, eba!]

Dando a cara a tapa

Frase motivo:

“Como diria o cantor de bolero / Ninguém pode destruir /O coração de um homem sincero”

Esse post parte mais ou menos do confronto entre as frases de duas pessoas famosas, Murphy e o famigerado Biscoito da Sorte [pseudônimo de algum grupo de filósofos chineses gorduchos que nunca quiseram se identificar].

O Biscoito disse:

“Para se formar relacionamentos, a única base acertada é a completa sinceridade”

A Lei de Murphy diz:

“Nada está tão ruim que não possa piorar”

Você provavelmente vai dizer:

“E o que é que uma frase tem a ver com a outra?”

Me resta explicar, então!

Há algum tempo, não sei precisar quanto, mas acho que menos de 1 ano, decidi tentar ser sincero em 99% das coisas com 99% das pessoas[qualquer influência de House não é mera coincidência]. Não é uma missão fácil, uma vez que, creio eu, todos nós façamos usos de mentiras [sejam elas brancas, pretas ou naturais]. Porém, decidi enfrentar essa dificuldade seguindo a seguinte ideia [sem acento, Jockey!]: quem não deve, não teme. Sendo sincero, com todo mundo sabendo tudo, eu serei como sou de verdade e as pessoas não terão de onde inventar coisas sobre mim [tá bom que esse pensamento tá meio parecido com o de um paranóico -famoso ‘norótico’-, mas ele envereda por outros caminhos também, essa é só uma utilidade dele].

Comecei a praticar essa sinceridade sem arrudeios, enrolações, sem nada. Fui direto ao ponto comigo mesmo e comecei a falar a vera com meus amigos, apesar dos resultados não serem nem sempre positivos. A verdade é ácida e o kibe é cru, como diria Antônio Tabet. Como diriam os manos, o papo é reto. Essa missão digna de um Hércules do século XXI [não sei por que diabos ainda usamos números romanos para designar séculos] é só para quem está preparado para ter momentos de felicidade [poucos] e reclamações, revoltas, etc -etc-etc [muitas].

Fui descobrindo a cada dia que muitas pessoas preferem viver numa ilusão de que tudo é perfeito, a vida é bela e adoram jurar que tudo que dizem pra elas é verdadeiro [por sinal, estou ouvindo agora Streetlight Manifesto, música The Big Sleep, e Thomas Kalnolky acabou de dizer ‘how can you lie when you know that you’ll hurt your friends?‘]. Quem consegue evitar isso [da maneira certa, não a la House, a delicadeza em pessoa -ou em personagem-], estará fazendo com que seu amigo evite bater com a cara em alguma coisa que ele jurava que estava correta [mas isso não vai contra o princípio do Sorria e Concorde®, que eu vou abordar qualquer dia desses num post, fiz até o rascunho, mas não tava o suficiente inspirado para escrever o texto completo].

Essas são as duas caras [pelo menos as que eu tou lembrando agora, né. Já passa de 1h30 da manhã e o sono tá afetando o raciocínio, mas não dá pra perder a ideia do texto] de ser sincero. De um lado, você vai estar dando sua cara a tapa, mostrando tudo o que tem para ser mostrado [não peguem o sentido pornográfico da expressão] e não vai ter mais nada a perder [é lógico que sempre haverá a omissão de um fato ou outro, já que ninguém vai ficar se queimando adoidado, só vai evitar ficar escondendo ou inventando histórias que num futuro, breve ou não, serão desmentidas e aí que complica mesmo]. E, do outro lado, estará fazendo um bem [pelo menos é a intenção, não foram todos que entenderam a mensagem comigo] ao amigo, tirando desse ‘País das Maravilhas’ que a pessoa vivia e não saiba que estava a algumas horas/dias/meses de presenciar uma guerra intergalática em seu país entre o exército da verdade e a gangue da mentira [a verdade nem sempre vence, como mostra a política brasileira] e que vão devastar emocionalmente todo habitante dessa ilusão.

Além do mais, quando se inicia uma amizade sincera, as coisas fluem [bem] melhor: você não vai ficar escondendo detalhe A ou detalhe B que julga ser dispensável, ou pior, reprovável [e ainda há a possibilidade de que a pessoa goste do que você pensava ser horrível socialmente falando, sendo que, caso ela não tenha afinidade pelo assunto, só vai simplesmente ignorar -a não ser que você seja um louco babão que fique falando toda hora disso, como alguns torcedores do Botafogo-], você vai compartilhar opiniões verdadeiras em vez de enrolações só para tentar fortificar esse laço de amizade [que vai ser em parte podre] e vai poder discutir porque gosta de X e seu amigo não gosta, sem que um fique tentando favorecer [é lógico que tem que ser seguida a regra do bom senso, para não ficar criando brigas desnecessárias quando você falar que música emo é insuportável e o cara seja o maior fã de Fresno da face da terra -não haverá conciliação nem a pau, não adianta argumentar-].

Acho que dei motivos positivos o suficiente para uma pessoa ser sincera. A parte ruim da brincadeira são os estilões que sempre vão reclamar por estarem ouvindo a verdade. São pessoas que odeiam quando esses Testemunhas-de-Jeovah-da-verdade fiquem batendo em seus castelos mágicos do País da Maravilha em que vivem. Eu sou chato, mas sou sincero. Provavelmente, se não estiver contando a verdade é porque eu não gosto da pessoa [nem assim eu sou de mentir tanto, muito menos difamar], porque de vez em quando tocar o terror é necessário.

Ficaria feliz se vivesse em um mundo sincero, embora isso nunca vá acontecer porque faz parte da natureza humana [e Homeriana – “Eu não estava mentindo! Estava escrevendo ficção com a boca.”-].

Ugo.

Streetlight Manifesto – Everything Goes Numb [um dos cds mais empolgantes que eu já ouvi. Só falta eu dar pinote aqui em casa ouvindo ele]

®

Somos todos loucos?

Foi dito no twitter por um cara:

“Twitter é como um pátio de hospício: você sai falando sozinho e eventualmente alguém responde”

É verdade. A maioria dos seres humanos sente a vontade de expressar seus pensamentos e sentimentos. Este blog é uma prova viva dessa teoria. O twitter é a maneira fácil, rápida e eficiente de externar para quem quiser ler tudo o que você quiser.

De vez em quando, a gente grita bem alto [nunca vi alguém gritar bem baixo] querendo que o mundo ouça o que queremos dizer. Desde antigamente, a humanidade escreve poemas/livros/ensaios, compõe músicas e pinta quadros [pra não falar nas outras milhares de possibilidades de expressão] para dizer o que sente. Muita coisa que ficou mundialmente famosa não foi feita com a intenção direta de ter esse reconhecimento, havia sempre quem quisesse apenas botar pra fora o que sentisse no momento e que alguém achou interessante e saiu divulgando pro resto do mundo.

Se a pessoa não quisesse escrever/compor/etc., poderia usar sempre um amigo [nem sempre confiável, mas a necessidade faz o homem] para contar o que quisesse. Essa é uma maneira que acaba por fortalecer [e de vez em quando, antes de fortalecer, criar] vínculos entre as pessoas. Essas conversas, que começaram geralmente na casa de um dos interlocutores ou num bar, passaram, como o tempo, a ser conversas pelo telefone [para a felicidade das operadoras, que lucravam/lucram horrores com essas conversas de 30 minutos+] e, mais recentemente [para a tristeza das operadoras], por e-mail, msn e por depoimento do orkut [o que nunca deve ter sido a intenção do criador do orkut, já que a função ‘depoimento’ era pra você falar sobre a pessoa, não necessariamente enviar mensagens secretas a elas, mââs, nevermind].

Sendo que nem sempre essa necessidade de expressão era tão secreta [sem contar as fofocas que aconteciam/acontecem  2 minutos depois que você acaba de ouvir um segredo bem cabeludo que aflingia alguém] e, com a internet, surgiram as páginas pessoais onde as pessoas acabam por expor uuma parte de sua vida lá para apreciação dos outros. A evolução disso, como dito por InterNey, veio com a própria evolução da internet. Novos sistemas de gerenciamento de conteúdo facilitaram [e muito, senão esse blog aqui, cheio dos perecotecos tecnológicos – tags, comentários, ‘últimos posts’, contador de visitas, etc. – provavelmente não existiria.] a criação de blogs e fizeram  com que as pessoas pudessem escrever para o mundo o que quisessem, aliviando ainda mais esse sentimento/pensamento reprimido e que precisava ser solto.

No ritmo de constante crescimento, a internet criou a web 2.0, algo que revolucionou o mundo ‘virtual’ [que não é tão virtual assim]. Foram criadas várias redes sociais, cada uma com sua peculiaridade. Nas mais genéricas, como orkut, Facebook, MySpace, etc., você pode dizer o que está sentindo/pensando/planejando no momento [‘mensagem pessoal’], pode entrar em comunidades para mostrar aos outros do que você gosta e pode, como já foi dito antes, mandar depoimentos, sejam eles com o intuito de serem lidos ou não. Também foram concebidas redes especializadas em algum interesse específico: Last.fm [para quem gosta de ouvir música poder mostrar aos outros o que está ouvindo, trocar ideias e informações sobre artistas, bandas, shows, etc.], Flickr [para os fotógrafos amadores ou profissionais enviarem fotos e trocarem comentários, além de algumas funcionalidades que porventura possam existir e eu não conheça por não fazer parte de lá], YouTube [compartilhamento de vídeos], etc. Com essa infinidade de ferramentas, facilmente uma pessoa pode conhecer características comuns sobre uma pessoa antes mesmo de trocar um ‘oi’ [virtual ou real] com ela.

Com a criação do twitter, além de ser possível saber várias coisas, agora pode-se saber o que cada usuário está pensando da vida. Em poucos segundos, uma mensagem de até 140 caracteres poderá ser lida por todos os seus amigos e, se for o caso, inimigos, desconhecidos, fãs, loucos, etc. Utilizando a analogia lá de cima, seríamos todos loucos uma vez que estamos gritando para o mundo sem direcionar a ninguém. Falamos ao vento e esperamos que o mesmo vento carregue a mensagem para alguém que esteja disposto a ouvir.

Eu, pessoalmente, sinto essa necessidade de expressar-me. E, sem medo, digo: sou um louco.

Ugo.

Beastie Boys – Best of Grand Royals 12’s [remixes de uma banda que transcende facilmente qualquer rótulo dado a ela]

*lembrando a existiência da comunidade do orkut: Inside Altside e um pequeno catálogo de redes sociais por onde me achar: MeAdiciona.com