Fase da vida

Várias vezes eu me pergunto se não nasci na época errada. Tou até em comunidade do orkut sobre isso. Porém, de vez em quando, eu vejo que já seria mais interessante se eu tivesse nascido uns 2 ou 3 anos atrás.

Essa vida de ter pulado ano da escola, entrado na universidade com 17 anos e tudo mais tem muita coisa boa, mas no dia a dia fica complicado acompanhar os meus amigos. Enquanto eu tenho uma boa galera da minha idade, tem outra que é um pouco mais velha e que tá em uma fase da vida que eu acabo invejando.

Enquanto eles estão dando passos mais largos rumo ao fim da jovem-adultês, eu tou no meio do caminho e ainda tenho muita coisa pra fazer até passar dessa fase, que é bastante interessante por propiciar um bocado de experiências novas.

O problema mesmo é ver os outros vivendo de um jeito que eu não vivo, ainda.

Mas bola pra frente que minha vez vai chegar.. essa mania de gostar de andar com os mais velhos vai chegar naquela fase em que 2ou 3 anos de diferença não é nada.

Ugo.

The Strokes – Is This It

Antropologia Musical

Esse meu último fim de semana foi uma maratona musical. Sexta-feira teve a noite do metal do Abril pro Rock, sábado teve a noite rock/alternativa do mesmo evento e ontem foi o “Encontro do Rock”, que reuniu a adolescência alternativa/hardcore/popcore de Recife.

Difícil encontrar alguém que tenha feito o mesmo, mas eu fiz. Primeiro porque eu gosto do Abril pro Rock e no Encontro do Rock tocou a Woohoo, banda que eu empresario/produzo/faço um bocado de coisa. Segundo porque é uma experiência bastante interessante encontrar vários tipos de gente diferente em apenas 3 dias, além de encontrar os amigos, claro.

Sexta-feira

A sexta-feira do metal do mal e do punk rock me surpreendeu por ter aparecido uma galera muito jovem, principalmente na rodinha de Agent Orange, a única banda que eu vi e realmente gostei. As outras apostas eram The Mullet Monster Mafia, que eu cheguei atrasado e não vi, e Terra Prima, mas eu tava por fora e não achei tão legal o som deles. É engraçado ver a galera com aquelas roupas de couro bem estranhas que eu não sei onde compram e todo mundo vestido de preto.. eu tava com a camisa do APR de 2006, que era no estilo da camisa da seleção brasileira, fazendo o contraste com a galera dark.

É bom ver também que ao contrário do que muita gente pensa, essa galera é bastante gente fina e unida. É mais fácil ver gente brigando de verdade em show de axé por causa da mulher alheia do que num show de metal. De vez em quando aparecem uns zés ruelas no meio da rodinha querendo avacalhar ou estilando porque levou um pipoco nas costas, mas tá na rodinha é pra aguentar isso mesmo.

Haviam muitos casais, gente da mais bonita à mais feia. Ou seja, são pessoas normais que o povo que não conhece de perto faz questão de esteriotipar. Coisa de ignorante mesmo.

Sábado

O sábado foi o dia da alternatividade. Aquele dia em que você chega no festival sem conhecer boa parte das bandas e vai lá pra ser surpreendido. Quem me surpreendeu mais foi Plástico Lunar, Instituto Mexicano del Sonido e Afrika Bambaata. Quem não era surpresa e botou quente foi 3namassa, muito bom o show deles. A Nação Zumbi e todos seus projetos paralelos (Los Sebozos Postizos, Maquinado e 3namassa) conseguem atingir uma qualidade musical que deveria dar uma inveja pra a maioria dos músicos, nacionais e internacionais.

O público era diferente, ainda que tivessem aparecido alguns headbangers com camisas do Iron Maiden, Angra, etc. O que predominava mesmo eram as camisas xadrez, uns penteados meio estranhos e muitos, mas muitos all-stars. É um estilo diferente e que me agrada, apesar de eu nunca estar vestido desse jeito. A noite que começou bem pesada cheia de bandas de rock foi se amenizando e virando mais dançante. 3namassa fez uma legião de lésbicas começar um furor orgiático por lá que só parou quando o show de Pato Fu acabou. Essa galera com certeza não tava na sexta-feira.

A incrível presença de palco do vocalista Camilo Lara do Instituto Mexicano del Sonido e o som de Afrika Bambaata conseguiram fazer a galera se mexer de verdade. Do nada o que era uma festa de rock virou uma micareta que alternou do indie ao pop numa tranquilidade incrível.  Muita gente se aproximou do palco nesses 2 shows, foi aí que eu vi que acertaram na escolha de 2 atrações que não eram de tanto conhecimento do público (Afrika Bambaata é tido como uma lenda, mas não é uma lenda pop, e sim uma lenda underground do underground atualmente). Muita gente loucamente dançando lá os talentosos e os que tavam beirando o ridículo. A festa tava feita, e isso foi legal.

Pato Fu começou e game over pra mim. Não conheço quase nada deles, a banda é legal, entrosada e animou os fãs, eu já estava morto. Sabia que no outro dia era mais maratona e que tinha que me conservar um pouco.

Domingo

Acordei no domingo só pensando na Woohoo, porque a gente faz pouquíssimos shows (gastar dinheiro com os músicos contratados  é uma realidade triste). Cheguei cedinho no Downtown Pub pra dar uma olhada nas bandas que iam tocar antes… nada demais. Gente aprendendo a tocar, fazendo muito cover e praticamente tocando pros amigos. Isso é o começo de qualquer banda, com a Woohoo já foi e ainda é um pouco assim.

O público 98% abaixo dos 20 anos. Roupas de surf em sua maioria, Quicksilver, Reef, Bali, Rota do Mar e por aí vai. Bonés  pra todos os lados, cabelos dos mais estranhos possíveis [essa moda emo de puxar o cabelo e botar meia na cabeça tá foda],. É assim o mundo dos que não se conformam em viver no estilo popular de ser.

Foi um evento feliz porque a organização foi muito boa, apesar de inexperiente em certos momentos e porque as bandas que tavam lá tocavam com vontade, não foram ao palco com a noite ganha, tinham que conquistar o público que na maioria das vezes estava lá só para ver a banda de seus amigos. Tirando a vida dos outros, também foi uma tarde/noite legal. A Woohoo fez um show muito bom e tinha muitos amigos pelo Downtown para conversar e tirar onda.

O fim de semana, apesar de extenso e cansativo foi bastante legal. Deu pra ver várias tribos, seja dos metaleiros, dos indies ou dos emos, convivendo. É assim que a gente vai aprendendo a respeitar as diferenças. Espero que um dia todos consigam fazer isso.

Ugo.

Reel Big Fish – Our live album is better than your live album

PerMutando

Permanentemente mutando.  É isso que acontece com uma pessoa todo dia. Impossível sermos os mesmos a cada dia que passa. Nós estamos sempre pensando, filosofando, adquirindo conhecimento, influenciando e sendo influenciados. Eu comecei escrevendo aqui exatamente 1 ano atrás, depois de passar a tarde em casa, ter ido comprar um picolé e idealizado o Inside Altside.

Engraçado é que, num texto em que falo de mutação, hoje passei a tarde em casa, comprei um picolé e vim aqui ‘blogar’. Engana-se quem achar que nada mudou, pois muita coisa já não é mais a mesma. Esse blog, por exemplo, tem um ritmo envergonhante de postagens agora, coisa que eu gostaria muito de reverter. Eu falava muito de experiências do dia a dia e de uma maneira bem cômica, dessas últimas vezes que apareci aqui como um dono aparece em seu bar, vim de maneiras diferentes. No meio do blog, comecei aquela série de devaneios que eram as histórias de Zeca e Jorge, e por aí vão os exemplos de como um blog pode mudar em 1 ano.

Meus fiéis ‘clientes’ eram amigos e família, hoje em dia, por mal trato por parte da administração, nem isso tenho mais. Meu hábito de chegar em casa e escrever aqui foi permutado por várias outras coisas, desde me dedicar mais ao twitter como a trabalhar.

Depois de tanta mudança, espero conseguir voltar uma coisa ao que já foi um dia: o Inside Altside. Quem sabe eu não recupero esse espírito e boto o boteco aqui sob nova direção? Dirigido por mim mesmo ainda, sendo que uma pessoa diferente, mais inspirada e ativa.

Enfim, feliz 1 ano de vida, Inside Altside.

Ugo.

The Mullet Monster Mafia – Powersurf Orchestra

Inspire…

A inspiração é um processo essencial para o ser humano, fisicamente e psicologicamente falando.

Do mesmo jeito que é impossível você viver sem respirar, é tão impossível quanto conseguir viver sem ter algo que te inspire a viver.

É engraçado o que acontece quando você acorda sem ter um rumo, pois o dia passa da maneira mais arrastada e torturante possível, somente porque você não sabe aonde vai e fica inerte ao mundo, como um boneco inflável de posto de gasolina.

Infelizmente, a gente não fabrica comprimidos de inspiração, pois se isso fosse possível tudo seria mais fácil. Entretanto, nessa era da informática as barreiras para se procurar algo onde se espelhar e traçar novos rumos é mais frágil. Você pode olhar no jornal online, no Youtube ou twitter algo interessante e que valha a pena se esforçar para conseguir ou seguir.

Tão infelizmente quanto, há dias em que achar essa inspiração fica difícil, pois ela parece estar escondida e todos os fatos que poderiam ser fatos geradores de motivação interna para os outros parecem cada vez mais incompatíveis para o angustiado sem inspiração.

Hoje mesmo passei o dia sem saber direito o que fazer, praticamente sem ter vontade de mexer. Por sorte minha, vi um filme que me ajudou a passar dessa fase obscura. Agora espero poder prosseguir meu dia que já virou noite com um pouco de paz no coração.

Valeu, Bukowski.

Ugo.

Spock’s Beard – Snow