Delírios

Zeca estava sentado na sala lendo um livro, quando Jorge chegou discursando freneticamente:

O problema é que eu tenho o coração vazio e preciso de alguém para preenchê-lo.
Vejo em cada uma a possibilidade, a esperança.
Não é a coisa mais certa, não é a coisa mais bonita, mas a necessidade sempre fez o homem e comigo não seria diferente.
Tenho minha estrela guia, a mais desejada, a mais amada. Não obstante, o espaço não está reservado a ela, só é dada a preferência.
O que poderia impedir-me de que uma mulher bondosa, de boas intenções, hábitos e feições se aproximasse?
É uma solução para quem não tem nada e que sua preferida o esnobe a cada conversa, não é?
Em relação a ser amado, isso não dependeria de mim, dependeria dela. A mim cabe amá-la, porém não entendo a definição clara de amar.
Resume-se a companhia e fidelidade? Ora, isso posso fazer sem o mínimo afeto. Preciso de algo mais além disso, preciso saber o que fazer.
Posso aprender a amar, porém preciso de alguém para praticar, afinal, sozinho é impossível.

Zeca ficou parado, pensando. Desde que a febre o atingiu, seus delírios eram cada vez mais constantes. O médico disse para ter calma, pois a medicação não demorará para fazer efeito.

Ugo.

Seu Jorge – América Brasil [montando um repertório samba-rock esperto ;)]

Fazendo revoluções pela web

Vendo todo esse escândalo do maldito José Sarney na mídia, a gente pode observar a beleza que é a internet. Os meios de comunicação tradicionais [televisão, jornais, rádios] todos têm donos, donos que têm sua visão do mundo [de acordo com seus interesses, claro] e que querem publicar as coisas de forma que lhe agradem. Aqui não. A internet é livre [e foda-se a Lei Azeredo, a APCM, a RIAA e quem estiver no mesmo bonde] e a liberdade de expressão aqui é plena [se você achar que não é, vai no http://baywords.com/ – embora por enquanto não esteja aberto para registros- que lá não tem censura alguma].

Um dos comandantes dessa cruzada contra Sarney é Marcelo Tas (@marcelotas), uma das pessoas mais influentes da mídia atual [sendo que, no caso dele, ele não é fantoche de emissora e o programa que ele participa, o CQC, é bem mais livre pra falar mal dos outros], está comandando uma tropa de mais de 100 mil pessoas via twitter [claro que não são todos que entram no site e participam, mas é uma galerinha considerável, dá pra ser medida em milhares facilmente]. Por lá, circulam informações de todos, sempre repassadas pelo careca e que acabam ricocheteando por toda a web brasileira [não tooda, mas um bocado de gente lê].

A revolta que está sendo fomentada pelo povo atinge o país inteiro, já que até quem mora nas regiões mais remotas do Brasil tem acesso à internet, ainda que de forma bastante precária. Podemos mobilizar uma nação [ou mais nações, dependendo da amplitude do problema] com simples mensagens na web, que podem transformar-se em debates e num fluxo de troca de informações impressionante, tudo a um preço ínfimo [se a média do preço da assinatura  mensal de uma internet banda larga aqui for R$100, por exemplo, dá R$3,33 por dia ou R$0,14 por hora – preço que nem se compara com o custo de enviar cartas, imprimir jornais de discussão ou telefonar] e com uma eficiência enorme. Hoje, dar uma opinião é a coisa mais fácil do mundo: a maioria dos sites tem espaço para comentários e lá mesmo pode acabar ocorrendo um debate entre os leitores [e, por que não, o autor] que pode vir a tornar-se algo mais sério.

Por sinal, pensei agora no Porto Musical, evento de música e tecnologia que teve aqui em Recife. O custo de uma convenção dessas deve ser centenas de vezes maior do que se fosse criado um ambiente na web em que os palestrantes pudessem publicar suas palestras e as pessoas comentarem numa espécie de chat, seja ele com áudio e vídeo ou não. É claro que é diferente e não tem a mesma interação que teria num ambiente real, mas isso é detalhe, já que a troca de informações vai ser a mesma. Imagino, num futuro muito breve [apesar de ser possível agora, se quisessem], fóruns e convenções [seja lá qual for a diferença entre um fórum e uma convenção] pela internet com dezenas [quiçá centenas] de webcams conectadas. Além dessa parte presencial, é importante também a escrita, com locais para publicarem textos, comentários e fomentar discussões.

Não é difícil implantar algo desse tipo que eu acabei de dizer [pode ser até que já exista algo igual, embora eu não conheça], mas por enquanto a ideia de transformar esse virtual em ‘realidade’ bate de frente com o pensamento de que as pessoas ainda não estão o suficiente acostumadas com a internet. Claro que há algumas ferramentas mais complexas e que não são todos que as dominam, mas creio que boa parte da população [acho que dos brasileiros são 40 e poucos milhões conectados habitualmente] tenha capacidade de aprender a postar [abrasileiramos esse verbo, uhul] vídeos, textos, fotos, etc. Com pouco tempo pode-se jogar tudo aos ares, mais precisamente às nuvens e evitar todo esse gasto que há atualmente.

Por sinal, eu tava falando [mal] de Sarney e pulei pra um assunto meio nada a ver… mas é assim mesmo quando um texto é espontâneo. Aqui não tem gesso pra moldar o que vou escrever. Só sei que, se o agito continuar do jeito que está, muitos protestos e passeatas ocorrerão e esse maldito filho do capeta vai cair. E Lula cada vez me irrita mais ao defender ele, ao sancionar MPs que tornam grileiros proprietários legítimos de terras ocupadas ilegalmente, etc. Mesmo que houvesse uma terceira eleição, não votaria nele nem a pau [e que venha uma família petista falar, já tou vendo..].

Não tenho mais nada a dizer, por enquanto.

Ugo.

Faith No More – The Real Thing [vim descobrir Faith No More agora, por que demorei tanto? :~~]

Supersocialização de barzinho.

Num bar, encontramos vários tipos de pessoas diferentes: os mais tímidos, os amigos, os casais, os acasalandos, os amantes e, invariavelmente, os sociais. Os sociais são aqueles que estão lá, sempre sorridentes, conversando com tudo e todos, que sempre se levantam da mesa e saem pra falar com todo mundo, afinal o barzinho é um ótimo lugar para se socializar.

Um tímido não teria iniciativa para ir falar com alguém que não conhecesse bem. Os amigos provavelmente só se levantariam se vissem que a pessoa notou sua presença. Os casais e os acasalandos geralmente pouco estão se importando com os outros e os amantes não querem ser vistos [não sei nem porque eles estariam num barzinho juntos, mââs..]. Os sociais, entretanto, caçam as pessoas para conversar. Há a necessidade de ‘fazer a média’, de renovar e criar contatos e tudo mais.

Esses seres podem manifestar-se de várias formas. Tem sempre aquele cara que é superamigão do garçom e usa o coitado do funcionário do bar como um troféu para mostrar a sua relação com o bar e o quão à vontade com o bar está. Ele chega lá e, quando possível, já vai gritando para o bar todo ver que ele conhece todo mundo que trabalha lá. Ele [raramente ela] senta-se com pose de rei no lugar, pede ‘a de sempre’ e pede pros amigos se sentirem em casa também. Mas ele tá lá, na dele, com os amigos dele.

Pior é o que adora iniciar conversa com as mesas adjacentes: começa a conversar com qualquer pessoa por perto, fala bem alto pra todos ouvirem e fica olhando fixamente em nossos olhos esperando uma risada, uma resposta. O pior disso é que eles geralmente não estão sozinhos [via de regra estão constrangindo os amigos que estão na mesa] e não teriam algum motivo aparente para ficar conversando com os outros. São uns seres meio estranhos que a gente não entende porque eles agem assim, mas não tem muito pra onde correr. Só resta o método Sorria e Concorde® para dispersar esse ser muitas vezes inconveniente, isso quando alguém da nossa mesa não simpatiza com o cara e começa a puxar conversa, porque aí lascou.

Um ser social estranho, mas que existe, é aquele que começa a conversar com uma pessoa e, vendo que tem um amigo dessa pessoa desconhecido, começa a puxar conversa incessantemente pra forçar amizade. De vez em quando dá certo, a pessoa gosta da conversa, o amigo em comum vai embora e os dois viram super amigos em meia hora. Quando não dá certo, rapidamente a pessoa inventa alguma desculpa [banheiro, telefone chamando, hora de tomar o remédio controlado -isso não acontece, que pena-, etc.], porque ficar conversando com um alucinado desses supercarente de amizades nem sempre é uma experiência muito legal.

Há uns que vão pra balcão de bar sozinhos [até House já fez isso, mas de maneira diferente] e começam a puxar conversa com os outros. Eles, em alguns casos, começam fazendo comentários ao bartender/dono do bar [seres que sempre vão dar corda para não perder o cliente]. Muito provavelmente, em pouco tempo encontrarão uma pessoa com a mesma intenção e vão começar o bate-papo, tendo posteriormente a presença de mais novos-amigos e, no final da noite, vão sair como se fossem amigos há vários anos. Essa é a reunião de vários supercarentes [uma pessoa carente, acho eu, não chega ao cúmulo de ir a um bar sozinha procurar amigos desse jeito] que, sabe-se-lá-por que-diabos não têm amigos para acompanhar nessa ida ao bar.

Esses foram os tipos que me vieram à cabeça, se alguém tiver mais ideias…

Ugo.

Zeca Baleiro – O Coração do Homem Bomba Vol. 1&2 [ faltam só algumas semanas pro show dele por aqui, eba!]

Dando a cara a tapa

Frase motivo:

“Como diria o cantor de bolero / Ninguém pode destruir /O coração de um homem sincero”

Esse post parte mais ou menos do confronto entre as frases de duas pessoas famosas, Murphy e o famigerado Biscoito da Sorte [pseudônimo de algum grupo de filósofos chineses gorduchos que nunca quiseram se identificar].

O Biscoito disse:

“Para se formar relacionamentos, a única base acertada é a completa sinceridade”

A Lei de Murphy diz:

“Nada está tão ruim que não possa piorar”

Você provavelmente vai dizer:

“E o que é que uma frase tem a ver com a outra?”

Me resta explicar, então!

Há algum tempo, não sei precisar quanto, mas acho que menos de 1 ano, decidi tentar ser sincero em 99% das coisas com 99% das pessoas[qualquer influência de House não é mera coincidência]. Não é uma missão fácil, uma vez que, creio eu, todos nós façamos usos de mentiras [sejam elas brancas, pretas ou naturais]. Porém, decidi enfrentar essa dificuldade seguindo a seguinte ideia [sem acento, Jockey!]: quem não deve, não teme. Sendo sincero, com todo mundo sabendo tudo, eu serei como sou de verdade e as pessoas não terão de onde inventar coisas sobre mim [tá bom que esse pensamento tá meio parecido com o de um paranóico -famoso ‘norótico’-, mas ele envereda por outros caminhos também, essa é só uma utilidade dele].

Comecei a praticar essa sinceridade sem arrudeios, enrolações, sem nada. Fui direto ao ponto comigo mesmo e comecei a falar a vera com meus amigos, apesar dos resultados não serem nem sempre positivos. A verdade é ácida e o kibe é cru, como diria Antônio Tabet. Como diriam os manos, o papo é reto. Essa missão digna de um Hércules do século XXI [não sei por que diabos ainda usamos números romanos para designar séculos] é só para quem está preparado para ter momentos de felicidade [poucos] e reclamações, revoltas, etc -etc-etc [muitas].

Fui descobrindo a cada dia que muitas pessoas preferem viver numa ilusão de que tudo é perfeito, a vida é bela e adoram jurar que tudo que dizem pra elas é verdadeiro [por sinal, estou ouvindo agora Streetlight Manifesto, música The Big Sleep, e Thomas Kalnolky acabou de dizer ‘how can you lie when you know that you’ll hurt your friends?‘]. Quem consegue evitar isso [da maneira certa, não a la House, a delicadeza em pessoa -ou em personagem-], estará fazendo com que seu amigo evite bater com a cara em alguma coisa que ele jurava que estava correta [mas isso não vai contra o princípio do Sorria e Concorde®, que eu vou abordar qualquer dia desses num post, fiz até o rascunho, mas não tava o suficiente inspirado para escrever o texto completo].

Essas são as duas caras [pelo menos as que eu tou lembrando agora, né. Já passa de 1h30 da manhã e o sono tá afetando o raciocínio, mas não dá pra perder a ideia do texto] de ser sincero. De um lado, você vai estar dando sua cara a tapa, mostrando tudo o que tem para ser mostrado [não peguem o sentido pornográfico da expressão] e não vai ter mais nada a perder [é lógico que sempre haverá a omissão de um fato ou outro, já que ninguém vai ficar se queimando adoidado, só vai evitar ficar escondendo ou inventando histórias que num futuro, breve ou não, serão desmentidas e aí que complica mesmo]. E, do outro lado, estará fazendo um bem [pelo menos é a intenção, não foram todos que entenderam a mensagem comigo] ao amigo, tirando desse ‘País das Maravilhas’ que a pessoa vivia e não saiba que estava a algumas horas/dias/meses de presenciar uma guerra intergalática em seu país entre o exército da verdade e a gangue da mentira [a verdade nem sempre vence, como mostra a política brasileira] e que vão devastar emocionalmente todo habitante dessa ilusão.

Além do mais, quando se inicia uma amizade sincera, as coisas fluem [bem] melhor: você não vai ficar escondendo detalhe A ou detalhe B que julga ser dispensável, ou pior, reprovável [e ainda há a possibilidade de que a pessoa goste do que você pensava ser horrível socialmente falando, sendo que, caso ela não tenha afinidade pelo assunto, só vai simplesmente ignorar -a não ser que você seja um louco babão que fique falando toda hora disso, como alguns torcedores do Botafogo-], você vai compartilhar opiniões verdadeiras em vez de enrolações só para tentar fortificar esse laço de amizade [que vai ser em parte podre] e vai poder discutir porque gosta de X e seu amigo não gosta, sem que um fique tentando favorecer [é lógico que tem que ser seguida a regra do bom senso, para não ficar criando brigas desnecessárias quando você falar que música emo é insuportável e o cara seja o maior fã de Fresno da face da terra -não haverá conciliação nem a pau, não adianta argumentar-].

Acho que dei motivos positivos o suficiente para uma pessoa ser sincera. A parte ruim da brincadeira são os estilões que sempre vão reclamar por estarem ouvindo a verdade. São pessoas que odeiam quando esses Testemunhas-de-Jeovah-da-verdade fiquem batendo em seus castelos mágicos do País da Maravilha em que vivem. Eu sou chato, mas sou sincero. Provavelmente, se não estiver contando a verdade é porque eu não gosto da pessoa [nem assim eu sou de mentir tanto, muito menos difamar], porque de vez em quando tocar o terror é necessário.

Ficaria feliz se vivesse em um mundo sincero, embora isso nunca vá acontecer porque faz parte da natureza humana [e Homeriana – “Eu não estava mentindo! Estava escrevendo ficção com a boca.”-].

Ugo.

Streetlight Manifesto – Everything Goes Numb [um dos cds mais empolgantes que eu já ouvi. Só falta eu dar pinote aqui em casa ouvindo ele]

®

Era pra todo mundo preocupar-se mais.

Recebi um e-mail do meu avô com esse texto aqui, peço até que leiam ele pra a intenção desse post ficar mais clara.

Concordo com a visão de Michael Moore, por mais que a intenção principal dele me pareça ser salvar única e exclusivamente os Estados Unidos do marasmo econômico-ambiental que estão vivendo. O mundo precisa começar a preocupar-se mais com as políticas ultracapitalistas que muitos países vêm adotando e cada vez mais vão destruindo o nosso planeta.

No momento, algumas empresas de grande porte já criaram projetos que visam não só reduzir custos como ajudam a preservar o ecossistema. O Google, por exemplo, começou a montar seus data centers em alto mar, gastando bem menos para refrigerar suas máquinas e, ao mesmo tempo, não tendo que usar mais energia elétrica para ligar centrais de ar condicionado gigantes para esfriar os não-sei-quantos clusters que eles possuem.

Trazendo pra Recife, onde vivo, não vejo tantas iniciativas que visem o mesmo objetivo. Não conheço muitas empresas que foquem no ecologicamente correto, embora eu queira, com certeza, saber da existência delas. Vejo que quem pode ser um grande motor para começar a conscientizar todos disso é o governo. Do mesmo jeito que os americanos podem fazer alguma coisa agora que são donos da GM [e eu ficaria muito feliz caso Obama seguisse os conselhos de Michael Moore, embora saiba que por trás disso vai haver um grande lobby que provavelmente -infelizmente- desviará o desejo do povo para o desejo de alguns poucos milionários que parecem se deliciar com o sofrimento do resto da humanidade], nosso prefeito [e veradores], nosso governador [e deputados estaduais] e nosso presidente [e deputados federais, senadores e ministros -com exceção de Gilmar -filhodaputa- Mendes-] poderiam incentivar mais a pesquisa e a implantação de projetos de energia renovável [eólica e solar, principalmente, já que as hidrelétricas causam um estrago considerável na natureza] e deixar um pouco de lado o xodó petroleiro que é a Petrobrás [ela, por sinal, vem sendo CPeIada, embora essa horda de políticos corruptos –os mesmos que eu quero que comecem a aplicar políticas ecológicas, por sinal– no final das contas acabe arranjando um bode expiatório e meses depois tudo volte ao ‘normal’].

Enquanto tava escrevendo, parei para pensar nessa frase que tá em negrito no parágrafo anterior. A situação é triste: quem deveria estar zelando pelo nosso país e pelo meio ambiente está, de fato, ao lado dos que objetivam justamente o oposto. Os políticos se associaram a um grupo de pessoas que eu simplesmente não entendo: querem todo o dinheiro que exista no mundo, custe o que custar. Esse é o pensamento mais retrógrado e sem futuro que existe, uma vez que, pensando desse jeito, a Terra vai tornar-se um lugar inabitável de tanta poluição já que o bom é produzir, produzir e produzir, sem pensar em quaisquer outros fatores, como a necessidade das pessoas e o mal que fará ao meio ambiente. A galera que está espalhada por aí em câmaras, senados, ministérios e outros lugares tem o mesmo pensamento sanguessuga, mas não percebem que um sanguessuga só vai ter sangue para sugar enquanto existir alguém para ser ‘chupado’. Quando não houver mais ninguém vivo no planeta e os superricos e os babões dos superricos [por exemplo, os… políticos!] estiverem numa bolha que permaneça a sua sobrevivência, o que eles farão? Não sei. Vou voltar pro motivo original do post, dá mais futuro que pensar nesses ensandecidos que foram cegados pelo dinheiro.

Quando estou tendo aula na faculdade, levo bem uns 40 minutos para chegar nela [enquanto isso, tenho um amigo que mora em Pau Amarelo, imagino quanto tempo ele demore pra chegar na FCAP..]. Porém, se eu tivesse um carro, não demoraria mais de 20 minutos. No entanto, se todos tivessem o mesmo pensamento [e condições], seriam mais 50 carros na rua, e isso só contando a minha sala da minha faculdade. Some isso com o resto das salas do resto das faculdades, com cada empresa que exista em Pernambuco e com todas as outras pessoas que não-sei-bem-por-que-diabos precisam locomover-se e o resultado será um engarrafamento 10 vezes pior do que o atual [e isso é possível, Bial?]. Agora, se a gente puxasse o pensamento por um caminho diferente e, em vez de cada um pegar o seu carro pra chegar rápido, nos fosse disponibilizado um sistema de transporte público eficiente, limpo e seguro, o que aconteceria? Haveria menos necessidade de carros em circulação, geraria mais demanda por ônibus/metrôs/bondes/jegues/etc. [o que resultaria em intervalos menores e mais pessoas sendo contratadas para trabalhar lá] e tudo seria melhor. Eu, por mais individualista que seja, nunca me incomodei em ir num coletivo ouvindo o meu mp3zinho na minha  [a única coisa que enche o saco é o calor e o excesso de gente].

Por que diabos não investem em transporte coletivo? Será que é porque os políticos preferem que as pessoas comprem carros e, com isso, acabem pagando impostos [IPI, IPVA, etc.] que serão desviados para seus próprios bolsos? Eita, a resposta nem é tão difícil de ser encontrada, não é?  Isso me deixa profundamente irritado.

Tão irritado que vou parando o post por aqui, pra eu não somar o nervoso de ter passado o dia gripado com o quão ridículos e caras de pau são esses nojentos [ah, sim, tem mais uma de José Sarney circulando na internet… é muita cara de pau, hein?]. Queimem no inverno [isso mesmo, vai abraçar um iceberg pra ver se ele não queima!], filhotes do demo!

Ugo.

Michael Bublé – Call Me Irresponsible [o título do cd tem tudo a ver com o post, né?]

vídeozinho de apoio para o texto: ‘Story of Stuff – A História das Coisas’

Somos todos loucos?

Foi dito no twitter por um cara:

“Twitter é como um pátio de hospício: você sai falando sozinho e eventualmente alguém responde”

É verdade. A maioria dos seres humanos sente a vontade de expressar seus pensamentos e sentimentos. Este blog é uma prova viva dessa teoria. O twitter é a maneira fácil, rápida e eficiente de externar para quem quiser ler tudo o que você quiser.

De vez em quando, a gente grita bem alto [nunca vi alguém gritar bem baixo] querendo que o mundo ouça o que queremos dizer. Desde antigamente, a humanidade escreve poemas/livros/ensaios, compõe músicas e pinta quadros [pra não falar nas outras milhares de possibilidades de expressão] para dizer o que sente. Muita coisa que ficou mundialmente famosa não foi feita com a intenção direta de ter esse reconhecimento, havia sempre quem quisesse apenas botar pra fora o que sentisse no momento e que alguém achou interessante e saiu divulgando pro resto do mundo.

Se a pessoa não quisesse escrever/compor/etc., poderia usar sempre um amigo [nem sempre confiável, mas a necessidade faz o homem] para contar o que quisesse. Essa é uma maneira que acaba por fortalecer [e de vez em quando, antes de fortalecer, criar] vínculos entre as pessoas. Essas conversas, que começaram geralmente na casa de um dos interlocutores ou num bar, passaram, como o tempo, a ser conversas pelo telefone [para a felicidade das operadoras, que lucravam/lucram horrores com essas conversas de 30 minutos+] e, mais recentemente [para a tristeza das operadoras], por e-mail, msn e por depoimento do orkut [o que nunca deve ter sido a intenção do criador do orkut, já que a função ‘depoimento’ era pra você falar sobre a pessoa, não necessariamente enviar mensagens secretas a elas, mââs, nevermind].

Sendo que nem sempre essa necessidade de expressão era tão secreta [sem contar as fofocas que aconteciam/acontecem  2 minutos depois que você acaba de ouvir um segredo bem cabeludo que aflingia alguém] e, com a internet, surgiram as páginas pessoais onde as pessoas acabam por expor uuma parte de sua vida lá para apreciação dos outros. A evolução disso, como dito por InterNey, veio com a própria evolução da internet. Novos sistemas de gerenciamento de conteúdo facilitaram [e muito, senão esse blog aqui, cheio dos perecotecos tecnológicos – tags, comentários, ‘últimos posts’, contador de visitas, etc. – provavelmente não existiria.] a criação de blogs e fizeram  com que as pessoas pudessem escrever para o mundo o que quisessem, aliviando ainda mais esse sentimento/pensamento reprimido e que precisava ser solto.

No ritmo de constante crescimento, a internet criou a web 2.0, algo que revolucionou o mundo ‘virtual’ [que não é tão virtual assim]. Foram criadas várias redes sociais, cada uma com sua peculiaridade. Nas mais genéricas, como orkut, Facebook, MySpace, etc., você pode dizer o que está sentindo/pensando/planejando no momento [‘mensagem pessoal’], pode entrar em comunidades para mostrar aos outros do que você gosta e pode, como já foi dito antes, mandar depoimentos, sejam eles com o intuito de serem lidos ou não. Também foram concebidas redes especializadas em algum interesse específico: Last.fm [para quem gosta de ouvir música poder mostrar aos outros o que está ouvindo, trocar ideias e informações sobre artistas, bandas, shows, etc.], Flickr [para os fotógrafos amadores ou profissionais enviarem fotos e trocarem comentários, além de algumas funcionalidades que porventura possam existir e eu não conheça por não fazer parte de lá], YouTube [compartilhamento de vídeos], etc. Com essa infinidade de ferramentas, facilmente uma pessoa pode conhecer características comuns sobre uma pessoa antes mesmo de trocar um ‘oi’ [virtual ou real] com ela.

Com a criação do twitter, além de ser possível saber várias coisas, agora pode-se saber o que cada usuário está pensando da vida. Em poucos segundos, uma mensagem de até 140 caracteres poderá ser lida por todos os seus amigos e, se for o caso, inimigos, desconhecidos, fãs, loucos, etc. Utilizando a analogia lá de cima, seríamos todos loucos uma vez que estamos gritando para o mundo sem direcionar a ninguém. Falamos ao vento e esperamos que o mesmo vento carregue a mensagem para alguém que esteja disposto a ouvir.

Eu, pessoalmente, sinto essa necessidade de expressar-me. E, sem medo, digo: sou um louco.

Ugo.

Beastie Boys – Best of Grand Royals 12’s [remixes de uma banda que transcende facilmente qualquer rótulo dado a ela]

*lembrando a existiência da comunidade do orkut: Inside Altside e um pequeno catálogo de redes sociais por onde me achar: MeAdiciona.com

Tinha que chegar a hora…

Parece até post de fim de blog, mas não é. Por sinal, dá pra dizer que esse título é bem sensacionalista, mas foi intencional. Esse tempo que passou desde o último post deve ter feito alguns dos poucos frequentadores parar de visitar o blog [e têm razão, maldito seja quem deixa de atualizar por mais ou menos duas semanas]. Minha cabeça não estava muito focada em blog esses dias, não sei bem por quê. Sei que não vinha assunto pra eu escrever e não é objetivo meu ficar forçando texto, pois a qualidade vai cair e eu não vou achar legal o que eu estou fazendo. Churumelas à parte:

Faz tempo já que eu pondero o que diabos estou fazendo no mundo, principalmente sobre faculdade, etc. Decidi administração tendo por base o trabalho dos meus primos da Infohouse, mas pouco tempo tinha gasto pensando nas outras vertentes do meu curso. Vi que não me identificava com o trabalho e o estilo de viver que alguns dos nichos que essa graduação oferece. Por exemplo, não sinto nenhum interesse no jeito engomadinho/bonitinho/super-certinho dos FCAP Junianos. Não que eu tenha algo contra eles, mas esse jeito de ser não tem nada a ver comigo!

Hoje de manhã, já deixei meu pai preparado. Marquei um almoço com ele e não disse muito por que tinha marcado, só deixei o tema no ar: faculdade. Não sei bem o que ele pensou antes sobre esse almoço, mas logo quando entrei no carro, soltei a bomba: ‘quero fazer jornalismo, vamos aos prós e contras’. Fui bastante objetivo, uma vez que não tem necessidade ficar enrolando. Também não disse que ia fazer jornalismo, disse que queria e estava disposto a ouvir os prós e contras, não só na visão dele, mas na visão da família e dos que estão ao redor, principalmente os que trabalham na área. O Velho Mutley, como eu previra, apresentou uma reação de espanto e, mais previsível ainda, começou logo pelos contras, nada mais típico do seu comportamento do que entregar a realidade sem enfeitar nem criar ilusões [bom pra mim].

Começamos a debater. Ele defendia que eu ainda estava no começo do curso de administração e que precisava informar-me mais sobre os trabalhos. Eu, pelo contrário, argumentava que, no que tangia o meu conhecimento de administração/administradores de empresa, não me via na posição deles. Minha visão era a que alguns amigos da FCAP tinham [têm]: tou no curso errado porque a faculdade tem um nome muito forte no mercado e a gente se dá muito bem. Meu pai recomendou ter um pouco mais de calma e esperar que eu ampliasse minha visão sobre o mundo administrativo, que eu pudesse ver todas as opções e, se possível, encontrar alguma na qual eu me identificasse [estou até procurando, problema é achar].

Em relação ao curso de jornalismo, eu achava que seria uma área na qual me interessaria mais. Gosto de escrever, gosto de me informar e queria alguma coisa entre música[cultura]/informática/assessoria de imprensa em mídias sociais. O obstáculo imposto pelo meu pai é o que mais aflinge os jornalistas: o salário. Jornalismo não é uma profissão que remunere bem, isso é fato. Fico eu no meio, tentando me desligar um pouco da questão financeira, porém é algo que sempre vai pesar [a não ser que algum dia eu ganhe na Mega Sena]. Depois de certo tempo conversando, ele foi amolecendo o papo rígido e demonstrando, ainda que discretamente, um interesse pelo meu interesse [botei de propósito, ok?]  por jornalismo. É algo de família, eu sei. Avô, pai, mãe, tio, tias e prima, todos jornalistas, ainda que uns não exerçam.

Também tinha algo bastante importante a ser observado: o tempo. Não é bom abandonar o curso de administração, pois, mesmo que não me identifique com ele, será bastante útil para qualquer profissão que eu venha a escolher. Faculdade de manhã e de noite é algo pesado, mas mais pesado ainda é estudar durante dois turnos e, entre eles, estagiar. Isso sim é heavy metal. Será que eu aguentaria? Pra falar a verdade, não sei, só experimentando pra saber. Deve ser deveras cabuloso não poder ter umas horinhas pra ficar nadando [vem do verbo nadar] em casa.

Na parte final da conversa [primeira de muitas, afinal não se pode tomar uma decisão tão importante como essa em um almoço. Tem bastante gente pra ser ouvida até que eu possa ter uma opinião firme], chegou Vovô Portela, uma das pessoas que eu mais considero no mundo. Com toda sua calma, reforçou o pensamento de meu pai. Ainda estava cedo para eu dizer algo sobre o curso e eu poderia achar algo interessante num curso tão amplo como administração. Meu avô ainda fez mais algumas perguntas para saber do meu interesse por leitura e assuntos afins, a fim [trocadilho!] de ter uma noção mais aprofundada do meu interesse pelo curso de jornalismo.

[me lembrei de algo importante: o meu interesse por jornalismo foge um pouco da parte impressa dele. Vejo que a tendendência mundial é a digitalização, tanto é que o próprio Jornal do Commercio tem seu portal online. No que isso influi? A resposta é bastante simples: o mundo virtual é um mundo selvagem. Conceito de selvagem: você pode ser o que quiser. Se eu quiser ter um site de astrofísica, posso. Basta ser bom no que escrevo, ter reconhecimento e atingir meu público-alvo. Precisa de diploma? Não. Puxando para um exemplo jornalístico: posso ter um site de informações sem necessariamente ter uma graduação. Posso, como já me foi proposto por um amigo, criar um site que cubra vários shows da cena alternativa. Posso fazer até um site sobre pudim [embora a ideia não seja original].]

Não sei bem o que vou fazer, sei que agora me resta falar com 9,998 pessoas [já falei com meu pai e meu avô] e tirar uma conclusão sobre o que fazer da vida. Minha certeza é uma: não vou tentar entrar na FCAP Jr. [mwahahah].

Ugo.

Chico Science & Nação Zumbi – Afrociberdelia [rio demais ouvindo Sangue de Bairro – ‘quando degolaram minha cabeça / passei mais de dois minutos vendo meu corpo tremerrr / e não sabia o que fazer / morrer, viver / morrer, viver’]