Valladolid .2

E a brincadeira começou, pelo menos eu acho. Ontem desde que escrevi o .1 fiquei sem fazer nada, apenas vendo seriado e provando a Carlsberg [muito boa] e a Estrella Damm [marromeno]. Nada de interessante a declarar.

Acordei hoje quase às 11 da manhã, um pouco tarde, mas o clima é bom demais para dormir. Fui na polícia solicitar meu DNI [tipo RG espanhol] e fiquei sabendo que tinha que ter uma senha emitida pela internet ou por telefone. Fui ver agora que para quem não tem o DNI e nunca teve, tem que ir lá solicitar pessoalmente [perdi um dia por nada, argh]. Depois disso, fui pela primeira vez à minha faculdade. Passando pelo caminho, vi que tem um parque por lá com 2 quadras de basquete, uns bancos e uns equipamentos de ginástica. Bom saber.

Chegando na faculdade, continuei tão perdido quanto no momento em que tinha saído de casa. Não tem ninguém para ajudar direito e é cada um por si. Certo momento, vi Bela e Rafa por lá e fui falar com elas. Estão tão perdidas quanto eu, mas juntos fica mais fácil encarar a barra. Elas estavam indo para casa almoçar e eu fui junto, mesmo já tendo comido. Aproveitei para ir me atualizando com o que elas já tinha procurado. Nós que escolhemos as cadeiras e temos que fazer combinar com os nossos outros horários, como cursos a parte e possíveis trabalhos. Elas estão no apartamento de Milene, uma paulista que faz enfermagem. Acabei almoçando uns kebabs guiozárabes [quando os kebabs foram esquentados o pão sírio ficou meio ‘cozido’] bem gostosos e, por sugestão delas, fomos na Escola Oficial de Idiomas.

Eu não sabia muito bem se queria fazer curso de espanhol, mas é sempre bom. Quando fiquei sabendo o preço, ficou melhor ainda. Módicos 70 e poucos euros por 1 semestre de aulas [3 meses intensivos de 2h por dia segunda a quinta, com sextas alternadas] e 50 e pouco para estudantes veteranos. Decidimos fazer a prova. Por sorte e coincidência estamos os 3 na mesma turma NI2 [Nível Intermediário 2, que depois do NI1 e antes do Avançado 1]. Até sexta-feira saberemos se a turma vai se consolidar ou não, embora tudo indique que sim. As professoras são bem simpáticas, uma delas engraçadíssima que não conseguia passar mais de 5 minutos sem fazer alguma piadinha e outras duas um pouco mais sérias, mas bem tranquilas. Na prova oral falaram mal do meu portunhol, mas com o tempo vou melhorando.

Lá conhecemos 4 brasileiros, 3 de Recife e 1 de São Paulo, essa paulista, por sinal, mora aqui no Alfonso VIII e me deu algumas dicas interessantes. Dos outros 3, dois fazem engenharia e uma faz direito, galera gente fina. Depois dos testes as meninas foram para o centro e eu voltei com Diego, um dos estudantes de engenharia, que mora aqui perto . A cidade é tão ovo que ele encontrou outra amiga que faz engenharia química com ele e a gente voltou conversando. Quando desci aqui, bem pertinho de casa, consegui me perder, mas foi só 5 minutos andando para me encontrar de novo.

Hoje tem uma festa no Juanita Calamidad, vai ser a primeira de todas, uhul!

Ugo.

The xx – xx

Recife é um ovo [ou como saber se seus amigos têm bom gosto]

Ontem fui pro UK Pub, um dos lugares que eu mais frequento aqui em Recife. Primeiro, fui a negócios: Salvador, DJ residente de lá, estava interessado no meu CDJ que venho tentando vender desde que decidir fazer a viagem para a Espanha. Negócios resolvidos [ele vai comprar, ueba!], fui curtir o melhor dia da programação de lá, a terça-feira autoral. Até aí tudo normal. Por sinal eu acho que esse texto não vai ter nada muito de anormal, é mais uma constatação do óbvio.

O engraçado das terças lá no UK é que você pode ir sozinho e tem certeza de que vai encontrar pelo menos um bocado de gente conhecida, isso é fato. O que me chamou atenção de ontem foram as pessoas que eu achei por lá! Gente inesperada mesmo.

Descobri há menos de 24h que uma amiga minha de infância, Marcelinha, está morando em Valladolid [por sinal, aonde eu devo ir morar por 1 ano] e fui encher o saco da coitada perguntando tudo o que eu tinha de dúvidas sobre a cidade, afinal eu sei muito pouco e ela é a única que eu conheço que mora por lá. Depois da conversa, fui para o benquisto UK Pub. Não é que lá, ao subir ao fumódromo [não gosto de fumaça, mas é o lugar que boa parte dos meus amigos ficam e dá pra conversar bem melhor lá], não é que eu encontro Roberta, a irmã de Marcelinha! Não a via, creio eu, há 8 anos, desde que eu saí de Aldeia para vir morar aqui em Setúbal. E, por sinal, foi ela que convenceu a irmã a ir estudar em Valladolid, pois também estudou lá e gostou muito.

Além de encontrar ela e outra amiga minha lá de Aldeia da mesma época, eis que acontece o mais inesperado de tudo: também estava lá Léo, que namorou minha mãe quando eu tinha 6 anos [nem lembrava disso, nem dele] e aí rolou aquela conversinha do ‘quanto tempo, nem te reconhei, blá blá blá’.

É incrível isso, as pessoas aqui se dividem em tribos que vão quase sempre pros mesmos lugares, com algumas exceções [exemplo: eu], que são as pessoas que são mais ‘wherever I may roam, where I lay my glass is home‘. E tem tribos diferentes que vão par ao  mesmo lugar, mas em dias diferentes. Usando o UK como exemplo, terça é o dia dos alternas, quarta só funciona nas férias, quinta é o dia dos baladeiros que não pensam muito na ressaca da sexta-feira, sexta e sábado são os dias das patricinhas e mauricinhos da cidade que não se importam em gastar centenas de reais em uma noite só e o domingo é o dia do samba, que reúne gente descolada e a mesma galera do sábado e domingo que tem que fechar a semana com chave de ouro, né? Isso varia de casa em casa, embora poucas consigam fugir do comum [é um porre ficar ouvindo sempre as mesmas músicas todo dia].

Isso falo só da vida noturna, e de uma parte dela. Se for falar quantas pessoas você encontra no Shopping Recife se for lá num sábado…

Ugo.

Devo – Something For Everyody

Recife, cidade noctívaga

Ontem eu tava naquele Bompreço da pracinha de Boa Viagem indo comprar os comes e bebes com a galera e já era relativamente tarde, afinal eram 23h15 de uma segunda-feira, mas nada fora do normal para nós, que estamos de férias e a vida tá boa assim mesmo, podem invejar, eu deixo ;).

O que me impressionou, e por isso tou aqui, é que tinha MUITA gente fazendo compras lá. Algumas famílias fazendo a compra do mês às 23h15 de uma segunda-feira! Tá bom que 20% daquele povo devia ter estado trabalhando até tarde, mas por que diabos fazer compras tão tarde? E pior, se fosse por causa da fila menor seria até uma desculpa legal, mas não, as filas estavam enormes!

Ah sim: finalmente estavam executando obras no devido horário! Chegaram à conclusão de que reformar o asfalto às 2 da tarde não era uma ideia tão legal assim, demorou né? Acho que agora vai.

E Recife realmente é uma cidade noctívaga. Na Espanha os bares fecham às 3h da manhã de maneira sincronizada e pontual. A maioria dos bares aqui fecha quando o último cliente sair, true story. Já consegui a proeza de sair do Empório Sertanejo às 5h30 da manhã de uma quarta-feira, isso sem ser de perto o último cliente de lá, pois ainda tinham algumas mesas.

Acho que eu deveria aproveitar mais isso, até porque nada melhor que uma mesa de bar. Principalmente se tiver um som bem escolhido [e não muito alto], cerveja gelada e os melhores amigos. Pena que sempre a gente acabe sacrificando alguma dessas coisas. É difícil achar um bar bom com som bom e preços razoáveis. É fácil achar um bar com cerveja boa, preços mais ou menos em conta e música HORRÍVEL. Nada mais chato que ouvir um dvd de Asa de Águia a contra-gosto [e o som ainda estava tão ruim que não dava para ouvir nada com definição, só a batida feiosa de uma bateria, também feiosa, de axé.].

Ainda tem mais coisa pra falar, mas tou com preguiça.

Ugo.

Arctic Monkeys – Humbug

Esse aqui tá quente, esse aqui tá frio.

Eu fui perguntar pra ela meu amor,
se a dança da manivela ela tocou,
Eu fui perguntar pra ela meu amor,
se a dança da manivela ela tocou,

dizendo que
aqui tá quente,aqui tá frio,
muito quente, aqui tá frio,
aqui tá quente, aqui tá frio,
muito quente, aqui tá frio,

excerto de uma poesia popular brasileira, a música Dança da Manivela, famosa pela Asa de Águia.

* Esse trecho bizarro de letra de música foi só para justificar o texto e o tema desse post.

Estava pensando aqui: nos últimos meses tenho reclamado constantemente da temperatura de Recife. Essa cidade é um forno e sou muito grato ao meu pai por ter comprado um ar condicionado pra mim, pois ele resolve a maioria dos meus problemas do dia a dia com esse calor, menos quando eu estou fora de casa e aí o bicho pega. Quando eu saio do meu quarto eu sinto a onda de calor que toma qualquer lugar que não seja refrigerado. Talvez isso seja porque eu não tenho dinheiro o suficiente para morar no 20º andar da Avenida Boa Viagem, ou porque tenho preguiça de ir pra Aldeia, mas em Boa Viagem o calor é de torar.

Outra bronca é que nosso governo [local, estadual e nacional] desvia muito dinheiro para fins ilícitos e acaba por encarecer tanto as coisas que a gente não tem ônibus com ar condicionado sem pagar [muito] mais. Hoje em dia eu me vejo na seguinte situação: ou eu rezo pra onde quer que eu queira ir seja perto e não dê tempo de suar MUITO, ou que o devido local esteja no trajeto do bendito (inclua o dízimo) ônibus opcional – o geladinho – ou levar uma segunda camisa e uma toalha, usando a primeira como bode expiatório e a toalha para se enxugar, pois senão eu chego no lugar ensopado.

Recife tá quente, beleza, mas e Valladolid, a minha querida cidade na qual chegarei lá pro dia 9 se tudo der certo?

A temperatura média é de 15 °C. Janeiro é o mês mais frio com temperaturas que oscilam entre (-5 a 8 °C) e julho o mais quente (15 a 40 °C). A quantidade média de chuva recolhida num ano é de 435 mm.

vindo da minha confiada wikipédia

Ou seja, poota que pariu, ou faz um frio brabo, chegando a 5 graus a menos do que Barcelona consegue, ou faz um calor demoníaco. Não tem meio termo. Ou vou falar mal do calor, ou vou falar mal do frio, já tou vendo. E meu sonho de conseguir jogar [regularmente] basquete? Como vou sair pra jogar a 5º? E quando chegar o verão, como vou suportar o calor?

É… peguei em bomba!

Mas vamo que vamo chegando lá eu resolvo, nada que um aquário e um snorkel não resolvam.

Ugo.

Sem música, otherwise eu ia ter que colocar Asa de Águia.

To bermuda, or not to bermuda?

Aqui em Recife, todo dia eu sofro com esse maldito calor. Quaisquer 5 minutinhos que eu passo na rua, sinto o mormaço me atacando e não tenho nem como me defender. Como universitário lascado [por enquanto, espero] que sou, tenho que ir diariamente de ônibus e enfrentar caminhadas que acabam fazendo com que eu chegue no meu destino com a aparência de um maratonista cabeludo depois de horas correndo alucinadamente.

Por causa disso, todo dia eu me questiono: to bermuda, or not to bermuda? Se eu for de bermuda, vai fazer menos calor [não que eu deixe de sentir calor por não usar bermuda, mas já diminui um pouco] e consequentemente vai ser melhor. Mas ao chegar no cursinho eu vou sentir um frio digno dos meus hermanos dinarmaqueses, porque lá o ar condicionado é tão frio que nem o casaco resolve o problema. Isso porque eu estou longe de ser o maior friorento do mundo, com total certeza!

Por outro lado, se eu for de calça, o calor parece ser mil vezes maior que indo de bermuda. Nas calças, parece que fica uma massa de ar quente fazendo festa por lá e, como a gente aprendeu nas aulas de física que o governo quer tirar do currículo escolar [deixando somente as matérias português e matemática], o ar quente ascende, aquecendo mais ainda a parte do superior do meu corpo. Eu sinceramente não sei o que fazer. Se pudesse, iria de carro [ok, Elisie, brigado pelas caronas mil, mas eu gosto de chegar 15 minutos antes da aula na faculdade], e assim poderia ir de calça tranquilamente porque não teria que fazer essas mini-procissões que eu faço pra chegar na faculdade ou no cursinho.

Isso também me lembra de que a gente segue umas malditas normas conservadoras [e delas meu pai vai lembrar e ficar me pentelhando] que dizem que a gente tem que ir pros lugares de calça [preferencialmente jeans], ignorando que fora da maldita repartição tá um calor infernal! Pra jurar a bandeira, tem que ir de calça. Pra ir na Polícia Federal, tem que ir de calça. Por que isso? Pra que diabos a etiqueta diz que não podemos ir de bermuda pros lugares, principalmente quando faz um calor desses? Não deveria haver diferenciações por causa disso.

Quando fui ao exército ver a papelada da minha carteira de reservista, tive que ir todo ajeitadinho [depois que fui lá e não pude entrar porque estava de bermuda] mesmo no abafado a la boca do inferno que tava. Depois, ainda tive que ir na Polícia Federal tirar minha certidão de antecedentes criminais [todo mundo sabe que eu sou perseguido pela Interpol]. Peguei ônibus, andei mais um bocado, cheguei lá. Até dentro da maldita repartição tava quente. Resolvi minha bronca e viva! Disseram que eu tinha que autenticar essa certidão num cartório específico lá no centro. E lá vai Ugo pegar mais um ônibus, andar mais 15 minutos e suar mais um bocadinho. Pra minha ‘sorte’, eu não tinha que ir pra faculdade ou pro cursinho, porque a essa hora meu estado já era deplorável e eu precisava urgentemente de um banho.

Pra mim, fica o questionamento: por que diabos tenho que ir de calça pra esses lugares? Bermuda morde? Recife ainda tá traumatizada com o homem da perna cabeluda? Queria ver argumentos convincentes para essa regra bizarra que impera por aqui, embora no resto do mundo seja adotada também, creio eu.

Voltando desse questionamento sobre as repartições públicas e companhia, continuo na minha, pelo que me parece ser, infindável dúvida sobre ‘que roupa usar’. A estética nem tá sendo levando em conta no caso, já que não é a minha maior preocupação no meu segunda-a-sexta . Só queria saber o que fazer pra não ter que sofrer tanto com esse calor que não cessa nem no inverno.

Pra quem for sugerir algo como ‘se muda pra Noruega’, me diga o endereço que eu mando o troféu Joinha de honra ao mérito pra sua casa, frete grátis 🙂

Ugo.

Devil Doll – The Girl Who Was… Death!

Era pra rolar um fugere urbem

Na nossa sociedade contemporânea recifense, é comum gastar meia-horinhas encalhado no trânsito até chegar em casa. E isso independe de raça, cor do cabelo, credo, status social, qualquer coisa. Ou não, acho que a galera que anda de bicicleta chega mais rápido do que quem está de ônibus ou carro.

Que esse tempo desperdiçado dentro de um ônibus/carro não volta, todos sabemos, mas tampouco temos oportunidade de fazer algo muito produtivo enquanto esperamos dezenas de sinais verdes e vermelho abrirem. A coisa mais sensata a se fazer é ouvir música, e é isso que eu faço todo dia. [Por sinal, até lembrei de passar música nova pro celular, as que tavam nele já deram o que tinha que dar!]

Eu, como um coitado morador de Setúbal que tem que ir ao glorioso Sport Club do Recife e ao cursinho perto da Rua do Príncipe todo dia, sofro bastante e gasto em média umas 2 horas diárias sentado olhando pro teto e ouvindo algum ‘barulhinho bom’ pra me distrair. Até porque eu duvido muito que tivesse paciência pra, todo dia, ficar tanto tempo conversando comigo mesmo. Já basta durante as aulas, em casa, na hora de almoçar/jantar, etc. [pausa de 5 minutos pra achar alguma coisa pra colocar no celular. acabei botando dois cds do The Creeps que meu pai me sugeriu um tempinho atrás.] Seria ótimo se fosse viável usar metrô aqui, mas só pra ir a pé à estação mais próxima daqui de casa, no mínimo algumas coisas aconteceriam: eu chegaria suado, assaltado e/ou assassinado. [sem contar o estuprado, desalmado e sequestrado -prefiro com trema =/]

Todo dia só me resta ficar nesse questionamento… ‘que fem?’ Ligar pra CTTU pra ficar choramingando uma atendente de call center pouco adianta. Tampouco adianta se trancar em casa e nunca mais sair, não é pra tanto. Eu acho que só resta rolar um fugere urbem coletivo. Junto os remanescentes da minha família que tão pela cidade [são poucos, a maioria já fugiu do urbem faz um bom tempo], junto meus amigos e fujo lá pra Aldeia, que por enquanto é bem tranquila [a não ser que você tenha que ir pra lá numa sexta a noite/sábado de manhã ou voltar num domingo a tarde], tá crescendo  e dá pra ser feliz por lá. Talvez o problema seja realizar a mudança de tanta gente pra lá… deve ser trabalhoso. Mas eu acho que valeria a pena. Só resta eu sair perguntando a todos o que acham da ideia! Ou esperar a Via Mangue ficar pronta pra desafogar um pouco o trânsito de Boa Viagem.

Ugo.

The Creeps – Enjoy The Creeps [é divertido, parece com The Dead Billies, ou eles parecem com o The Creeps né]