Gentleman

– Here, ma’am. Come closer to this side.
– Thanks.
– Where are you going to?
– Me… to Gràcia.
– Oh, me too.

The noise of the train braking and the doors opening, while the announcement system screams on the speakers. The elevator’s door opens.

– Take my arm, I’ll help you.
– You’re such a gentleman. What is your name?
– I’m Ramón, and you?
– Well… it’s better if you call me Mary.
– Then Mary it is. What brings you to Gràcia? Do you live here?
– No, I came to visit my grandson.
– Oh, I see. Erm, I’m sorry… How old is he?
– No problems. He is 7. Was supposed to be in school, but got sick. My daughter asked me to help.
– Can’t say no to that, huh?
– Hehehe, that’s true. But doing this makes me so happy.

The elevator announces system that it has reached the surface.

– Here we are. Closer to the sun once again. Where does he live?
– Not far, close to Verdi street.
– Yes, it’s close. Can I keep you company?
– You don’t need to…
– But can I?
– I can’t say no…
– Then don’t let go of my arm!
– I won’t. And you, what are you doing?
– Me? I was just in the registry delivering some paperwork. Widower life…
– My condolences. This is such a sad moment.
– It was, yes. But it was quite a while ago, now it’s just bureaucracy.

I feel his arm holding me tighter. We stop.

– Careful with the cars. Sometimes there’s crazy people driving in those streets.
– Yes, I’m sorry.
– No need to be, we’re already in a calmer street now. Almost there.
– Good to know. I’m not paying that much attention.
– Yes… unfortunately we’re even too close to the destination. I enjoyed talking to you.
– Oh, what a pity. I also enjoyed, thank you very much.
– Could we have coffee some day?
– I think so, I don’t imagine why we wouldn’t.
– Ok, now I’m going, then.
– But where to? Here, take note of my phone.

The pen dances on a paper while he writes the number.

– Thank you, Mary. It was nice meeting you.
– But you haven’t told me where you’re going now. Don’t you want to stay and have a coffee?
– You should stay with your grandson, he needs your attention. Me… I’m going back to the train station, I have some more stations before home.

Ponte Paris/Valladolid

Ontem acordei às 8h30 pelo horário do meu celular, mas não tive nem coragem de levantar, a preguiça era demais. Quando deu 9h15 o indiano que trabalha no hostel me acordou falando que era hora do check-out, blablablá [a hora mais tarde para se fazer o check-out era às 9h]. Fui arrumar minha mala [quando tinha chegado a galera já tava dormindo, então era difícil fazer as malas sem fazer barulho], mesmo com os malditos estando dormindo ainda. Apanhei bastante, mas consegui fechar a mala e a bolsa, que ainda tiveram um ajudinha de Joh, que colocou não sei quantas bermudas e camisas na mala.

Quando fiz o check-out já tinha passado das 10 horas, mas o recepcionista não se incomodou com isso [ufa!] e eu já estava pronto para ir embora. Deixei minha bagagem na luggage room e fui pro quarto de Joh, afinal não dava para fazer muita coisa em menos de 2 horas. O tempo passou rápido enquanto eu checava o email e pegava as fotos com ele. Quando deu meio-dia resolvemos ir almoçar. Fui dar um falou para os roomies e só encontrei Katrin e François [o belga que ela passou a noite toda judiando na farra do quarto dia, coitado]. Beijinho, bye bye. See you later na Espanha ou em outra oportunidade. Hora de comer.

Fomos pela 4ª vez [3ªseguida em almoços] no libanês da frente. Dessa vez foi meio difícil de engolir tudo, já tava enchendo o saco. Bucho cheio, partiu estação. Um até breve pra Joh [chega quinta aqui] e fui pegar o metrô. Cheguei na estação para pegar o quase-trem para o aeroporto. Fui comprar o bilhete e aí bateu o desespero: nenhuma das máquinas queria aceitar o meu cartão. Tá bom que eu tinha dinheiro, mas ela só aceitava moedas. Fui em pelo menos umas 5 máquinas e nada [haja saco]. Não tinha um lugar com funcionários do metrô para me vender, então tive que comprar uma água de 500ml a módicos 2 euros para conseguir moedas e comprar a passagem [eu estava me sentindo atrasado, o vôo era às 16h15 e já eram mais de 13h quando eu consegui pegar o trem].

Cheguei no aeroporto, foi tudo tranquilo, até que, durante o vôo, o capitão diz que vai atrasar 20 minutos, putz! Meu tempo estava relativamente apertado, e então bateu um senso de ‘corre, negão’ e a primeira coisa que eu fiz quando aterrissei em Madrid foi colocar o Kill ‘Em All do Metallica no iPod. A tensão se converteu em adrenalina e as coisas ficaram melhores. Peguei minha mala e saí quase voando pro metrô. Quando desci, o maldito estava indo embora. 4 minutos de espera e parti para a estação de Chamartín [não fala Chamartã, a França já se foi…]. Confusa bagarai a estação, subi mil e quinhentos andares para chegar na parte do RENFE e, quando olho, o maldito trem não estava lá! Faltavam 15 minutos para ele partir e eu não conseguia encontrar. Tinha trem das 20h, das 20h20 e não tinha o meu [que era às 20h20 também]. Fui louco na parte de atendimento e achei que não tinha ninguém [o que iria me causar uma revolta braba], até achar um senhor escondido lá. O cara me disse que o bilhete que eu tinha ia pra Léon, mas eu tinha comprado para ir a Valladolid, qual foi?? Depois de umas frases trocadas, o gênio do atendimento teve a ideia de me dizer que ia para Léon VIA Valladolid, agora ficou mais fácil, né? Corri para o buraco certo e entrei no trem. No relógio: 20h13, foi por pouco.

A viagem foi tranquila, rapidíssima [1h] e vendo Meu Namorado é Um Mafioso [com António Banderas] que tava passando na TV. Cheguei na hora prevista e, depois de pegar um ônibus e perguntar para umas 4 pessoas o caminho cheguei na minha atual e futura [pelo menos para os próximos 6 meses] residência. Por ter chegado relativamente tarde [22h], o lugar parecia meio fantasmagórico. O consiérge da noite é uma versão cheinha e 10 anos mais velha de Paulo André [preciso tirar uma foto, é hilário, hahahahaha] e foi bem gente fina. Em 10 minutos eu já estava no meu quarto. Peguei 1 dos 4 [ e um deles tá quebrado] elevadores e parei no 4º andar, o meu, e fui procurar. Os corredores já estavam com as luzes apagadas, o que formou um ambiente meio de filme pós-apocalíptico ou algo do tipo, mas achei rapidinho o meu, que não fica no final do corredor, ufa!

Quarto nº 432A cá estou eu! De frente à lavanderia 6, numa suíte melhor que o quarto inteiro do hostel que eu tava. Uma cama de solteiro, 2 mesas, estante, um armário relativamente grande, espaço de sobra. Quatro tomadas, mais uma que tem dentro do banheiro, composto por pia, choveiro [de 1m², mas a gente se vira], privada e bidê-frigobar. Ainda não tirei tudo da mala, acho que as coisas vão na base da necessidade. Uma das minhas maiores, por exemplo, é a de ir na lavanderia me familiarizar com a máquina de lavar e o ferro de passar, vai ser complicado!

Consegui falar com meu pai e minha mãe pelo celular, vi uns seriados que eu tinha aqui e fui dormir, essa odisseia já tinha sido demais para mim.

Metallica – Kill ‘Em All