Dando a cara a tapa

Frase motivo:

“Como diria o cantor de bolero / Ninguém pode destruir /O coração de um homem sincero”

Esse post parte mais ou menos do confronto entre as frases de duas pessoas famosas, Murphy e o famigerado Biscoito da Sorte [pseudônimo de algum grupo de filósofos chineses gorduchos que nunca quiseram se identificar].

O Biscoito disse:

“Para se formar relacionamentos, a única base acertada é a completa sinceridade”

A Lei de Murphy diz:

“Nada está tão ruim que não possa piorar”

Você provavelmente vai dizer:

“E o que é que uma frase tem a ver com a outra?”

Me resta explicar, então!

Há algum tempo, não sei precisar quanto, mas acho que menos de 1 ano, decidi tentar ser sincero em 99% das coisas com 99% das pessoas[qualquer influência de House não é mera coincidência]. Não é uma missão fácil, uma vez que, creio eu, todos nós façamos usos de mentiras [sejam elas brancas, pretas ou naturais]. Porém, decidi enfrentar essa dificuldade seguindo a seguinte ideia [sem acento, Jockey!]: quem não deve, não teme. Sendo sincero, com todo mundo sabendo tudo, eu serei como sou de verdade e as pessoas não terão de onde inventar coisas sobre mim [tá bom que esse pensamento tá meio parecido com o de um paranóico -famoso ‘norótico’-, mas ele envereda por outros caminhos também, essa é só uma utilidade dele].

Comecei a praticar essa sinceridade sem arrudeios, enrolações, sem nada. Fui direto ao ponto comigo mesmo e comecei a falar a vera com meus amigos, apesar dos resultados não serem nem sempre positivos. A verdade é ácida e o kibe é cru, como diria Antônio Tabet. Como diriam os manos, o papo é reto. Essa missão digna de um Hércules do século XXI [não sei por que diabos ainda usamos números romanos para designar séculos] é só para quem está preparado para ter momentos de felicidade [poucos] e reclamações, revoltas, etc -etc-etc [muitas].

Fui descobrindo a cada dia que muitas pessoas preferem viver numa ilusão de que tudo é perfeito, a vida é bela e adoram jurar que tudo que dizem pra elas é verdadeiro [por sinal, estou ouvindo agora Streetlight Manifesto, música The Big Sleep, e Thomas Kalnolky acabou de dizer ‘how can you lie when you know that you’ll hurt your friends?‘]. Quem consegue evitar isso [da maneira certa, não a la House, a delicadeza em pessoa -ou em personagem-], estará fazendo com que seu amigo evite bater com a cara em alguma coisa que ele jurava que estava correta [mas isso não vai contra o princípio do Sorria e Concorde®, que eu vou abordar qualquer dia desses num post, fiz até o rascunho, mas não tava o suficiente inspirado para escrever o texto completo].

Essas são as duas caras [pelo menos as que eu tou lembrando agora, né. Já passa de 1h30 da manhã e o sono tá afetando o raciocínio, mas não dá pra perder a ideia do texto] de ser sincero. De um lado, você vai estar dando sua cara a tapa, mostrando tudo o que tem para ser mostrado [não peguem o sentido pornográfico da expressão] e não vai ter mais nada a perder [é lógico que sempre haverá a omissão de um fato ou outro, já que ninguém vai ficar se queimando adoidado, só vai evitar ficar escondendo ou inventando histórias que num futuro, breve ou não, serão desmentidas e aí que complica mesmo]. E, do outro lado, estará fazendo um bem [pelo menos é a intenção, não foram todos que entenderam a mensagem comigo] ao amigo, tirando desse ‘País das Maravilhas’ que a pessoa vivia e não saiba que estava a algumas horas/dias/meses de presenciar uma guerra intergalática em seu país entre o exército da verdade e a gangue da mentira [a verdade nem sempre vence, como mostra a política brasileira] e que vão devastar emocionalmente todo habitante dessa ilusão.

Além do mais, quando se inicia uma amizade sincera, as coisas fluem [bem] melhor: você não vai ficar escondendo detalhe A ou detalhe B que julga ser dispensável, ou pior, reprovável [e ainda há a possibilidade de que a pessoa goste do que você pensava ser horrível socialmente falando, sendo que, caso ela não tenha afinidade pelo assunto, só vai simplesmente ignorar -a não ser que você seja um louco babão que fique falando toda hora disso, como alguns torcedores do Botafogo-], você vai compartilhar opiniões verdadeiras em vez de enrolações só para tentar fortificar esse laço de amizade [que vai ser em parte podre] e vai poder discutir porque gosta de X e seu amigo não gosta, sem que um fique tentando favorecer [é lógico que tem que ser seguida a regra do bom senso, para não ficar criando brigas desnecessárias quando você falar que música emo é insuportável e o cara seja o maior fã de Fresno da face da terra -não haverá conciliação nem a pau, não adianta argumentar-].

Acho que dei motivos positivos o suficiente para uma pessoa ser sincera. A parte ruim da brincadeira são os estilões que sempre vão reclamar por estarem ouvindo a verdade. São pessoas que odeiam quando esses Testemunhas-de-Jeovah-da-verdade fiquem batendo em seus castelos mágicos do País da Maravilha em que vivem. Eu sou chato, mas sou sincero. Provavelmente, se não estiver contando a verdade é porque eu não gosto da pessoa [nem assim eu sou de mentir tanto, muito menos difamar], porque de vez em quando tocar o terror é necessário.

Ficaria feliz se vivesse em um mundo sincero, embora isso nunca vá acontecer porque faz parte da natureza humana [e Homeriana – “Eu não estava mentindo! Estava escrevendo ficção com a boca.”-].

Ugo.

Streetlight Manifesto – Everything Goes Numb [um dos cds mais empolgantes que eu já ouvi. Só falta eu dar pinote aqui em casa ouvindo ele]

®

Amphetamines for breakfast, please.

Esse post já tava esquematizado na minha cabeça há um tempão, mas como ele mesmo vai tratar, não tive tempo.  Claro que a meia-hora que tou tendo agora pra escrever eu tive outras vezes desde que pensei nesse tema, mas faltava algumas peculiaridades que ajudam na hora de escrever, sendo a principal delas a vontade de escrever [começar a redigir um post sem vontade alguma não dá certo. Provavelmente sairá um texto completamente redundante que não acrescentará nada no blog e fará quem estiver lendo perder seu tempo].

Sabemos que na sociedade moderna o tempo é cada vez mais escasso e que temos de fazer [muito] mais em [muito] menos tempo. As pessoas acordam correndo, já com pressa mesmo que o sol ainda esteja num raiar preguiçoso. Fico até em dúvida se não deveriamos dormir em pé, porque aí já acordariamos em uma posição melhor para correr [continuando a viagem: quando fôssemos dormir, deitaríamos e, no meio da noite, um sistema da cama colocaria-a na vertical. Com isso, quando acordássemos, não poderíamos ficar com preguiça e tentar voltar pra cama]. O tempo que tenho desde que acordo até que saio de casa é quase cronometrado, são 45 minutos pra tomar banho, tomar café da manhã e se ajeitar. Quando chego em casa, na hora do almoço, mais uma hora até sair de novo pra aula, e por aí vai.

Tem gente que sai de casa às 7h e chega às 23h, alternando trabalho com estudo. Como se faz pra sobreviver a um ritmo desses por 3, 4 anos? Só com uma boa quantidade de anfetaminas fazendo o papel de sucrilhos no café da manhã e umas latinhas de ré de burro no lugar do leite. Tem que ser essa dieta para fazer com que alguém tenha energia pra aguentar de segunda a sexta [depois de um dia completo, ainda vão te obrigar a sair pra algum canto até as 5 da manhã fazendo sabe-se-lá-o-que], isso quando não tem nada no sábado de manhã.

Isso me lembra os Beatles. Na muito resumida biografia que li deles no Whiplash, além daquela que tem no Wikipédia, eu vi que eles tinham que tocar na mesma noite por várias horas consecutivas em bares alemães em condições horríveis. Ou seja, eles estavam antecipando [de maneira diferente] o que muita gente está tendo que fazer isso. Essa é a nova rotina do nosso ‘Brave New World’ em que a gente tem um bocado de obrigações e muito pouco tempo de sobra.

Pra minha sorte, eu ainda não tenho uma rotina tão hardcore assim, mesmo tendo aulas dia de sábado e dia de domingo. Se bem que, se eu passar em algum concurso, a faculdade vai ter que ser transferida pro turno da noite e voi-la, terei me enquadrado nesse grupo de pessoas que vive pra estudar e pra trabalhar. E, de qualquer jeito, isso tende a ser temporário. Duvido que alguém aguente sofrer desse jeito por mais de 5 anos, não é possível. Um dia, alguma coisa acaba, seja lá a faculdade, o curso, o emprego voluntário, ou a própria vida. A não ser que a pessoa esteja no lugar em que queria estar todas as horas e não sinta nenhum stress com isso [Tácio Maciel que o diga].

Não sei aonde vai dar nisso. Acabamos lendo que várias pessoas acabam se matando por causa de tanta pressão e stress [os japoneses überworkaholics que o digam]. Acho que cabe a cada pessoa medir o quanto se pode aguentar e, no momento certo, decidir parar ou ir aliviando a carga de coisas pra fazer. Pelo menos essa flexibilidade uma faculdade dá, já que podemos optar por quantas cadeiras fazer e tal, mas há gente que, se não está trabalhando numa rotina fixa de manhã até de noite, pelo menos quando está sem trabalhar, ou está pensando no trabalho, ou está indo rumo a algum lugar onde vai trabalhar [e, provavelmente, usando o notebook pra ir ‘adiantando’ o inadiantável, já que trabalho nunca falta pra ninguém que tá empregada – excluem-se certas pessoas, como aquelas estagiárias da administração fazendária, cof cof].

Sei lá, cada um por si nessa situação. Meu limite é bem variável, depende do que estou almejando e, quando encho o saco, simplesmente paro. Não vou ficar me torturando por coisa desnecessária, ué. [favor não interpretar como eu estando de saco do curso do NUCE que me faz ter aula de domingo a domingo. Estou muito bem lá, obrigado.]

Ugo.

Los Sebozos Postizos – Noites do Bem [quero ver o show deles no Mercado Eufrásio =)]