You shook me all night long

Estava perdido em mais uma noite daquelas. O bar estava cheio, as pessoas gritavam, bebiam e dançavam num quase-ritual de sacrifício humano. E estavam todos felizes. Eu tinha meus motivos e compromissos ali, mas, se perguntassem, a resposta seria muito clara: eu preferiria estar em casa. O pior em relação a ser obrigado a ir a algum evento era a ausência de pessoas conhecidas. Talvez isso fosse uma coisa boa – eu era um pouco bipolar.

O desprendimento de um grupo de amigos ou uma acompanhante me permitia observar com mais atenção as pessoas ao meu redor. para cada uma eu já tinha uma análise esteriotipal pronta. Se eu falasse para alguém que fazia isso, a rejeição já viria na expressão facial, mas a concordância viria depois, afinal esteriótipos foram criados por algum motivo. e era esse motivo que me levava a ficar observando pessoas: esteriotipar os outros me permitia ter mais chances de acertar minhas análises e isso me fazia contente.

Os personagens de sempre estavam lá: o cantor que só ia dar uma canja no show principal, mas estava tomando todas, falando mal da música atual e já se preparando para ir a mais uma festa, o escritor de estilo alternativo, que até era bem conhecido entre os seus, apesar de estar lá apenas com a companhia de doses de whisky e goles d’águas, entre outros seres caricatos que estavam sempre lá. Só senti falta da gordinha de cabelo curto pintado de vermelho que sempre estava em frente ao palco, dançando com sua alegria contagiante.

A noite fugiu um pouco do padrão quando uma mulher me chamou à atenção. Não a conhecia, mas tinha ideia de quem ela era. Uma produtora de festas mainstream era tudo que eu sabia sobre ela. Talvez nem ideia eu tinha sobre a jovem senhorita, mas eu já tinha algum esteriótipo formado em minha cabeça. Me despertou a curiosidade saber o que ela fazia em um show de blues. Será que ela gostava ou será que acompanhava seu namorado em mais uma missão de paz para seu relacionamento?

Logo esses pensamentos sumiram da minha mente. Esqueci quem ela era e foquei em como ela estava naquele momento. Devia ter seus 1,75m, quase a minha altura, e eu achava isso bastante imponente por parte dela. Vestia uma blusa de mangas longas um pouco see-through para seu sutiã de renda, uma bermuda curta que contrastava com as mangas longas da blusa e um all-star de algum modelo diferente. Voltando a olhar para cima, eu reparei um lenço enrolado em seu cabelo como um pequeno turbante, complementando ainda mais seu sorriso e sua beleza, suas pele morena-clara e suas pernas bem definidas.

Estava acompanhada de seu namorado e um grupo de amigos de algum clube de motociclismo. A delicadeza do seu visual ia de frente aos piercings, tatuagens e decotes bem expostos de suas amigas. Porém, a cada minuto ela se desprendia mais. Com sua cerveja na mão, dançava de acordo com o ritmo da música de maneira tão natural que me surpreendia. Achava que ela ficaria entediada naquele ambiente, com aquele “som estranho”.

Ela conseguia explorar sua sensualidade de maneira que nunca parecia ser vulgar, era quase uma brincadeira de criança para ela. Aproximava-se de suas amigas, enroscava-se em suas pernas e fixava bem o olhar na sua “refém”. Até agora não encontro nenhuma explicação lógica para alguém querer escapar daquela prisão maravilhosa de suas pernas. Sua intensidade e carisma provavelmente chamaram ainda mais a atenção de das pessoas que estavam por lá, mas ela não se importava, era bem superior a tudo aquilo. No meio de um solo de trompete, cada compasso era um rebolado seu, acompanhando cada momento deste transe musical com leveza e graça no meio de uma música tão intensa. Para ela o tempo e o espaço eram desprezíveis, só o ritmo interessava.

Após os momentos mais intensos, iria voltar aos braços de seu namorado, descansando e o amando. Eu ria comigo mesmo do fato de ele ser menos intenso do que um solo de trompete, isso até me ajudava a se sentir melhor, mesmo destilando inveja e ciúmes por minha boca.

Talvez, no final do dia, todos nós queiramos algo menos intenso e mais reconfortante, como um travesseiro.

Ugo.

[deturpação do cotidiano]

 

Tom 10

[Esse é o décimo capítulo. O resto, que começa no capítulo 0, pode ser encontrado AQUI.]

O trajeto foi curto e logo chegaram à festa. Era numa área industrial abandonada e a decoração meio steampunk dava um charme ao local que se não fosse pelo evento estaria abandonado. A maior parte do público estava longe de ser do interesse de Tom. A reforma de um galpão atraía mais uma sociedade que buscava os holofotes, nem que fossem daqueles canhões de luz do Batman. O ligeiro desgosto passou à medida que lhe deram mais uma cerveja. Difícil ter pensamentos negativos quando aquele líquido geladíssimo e amarelo esfriava sua garganta e sua cabeça.

Estava com seus melhores amigos que tudo que tinha que fazer nessa noite era se divertir e isso não parecia ser difícil. A música estava alta e a comunicação comprometida, era uma festa como qualquer outra. Música alta era uma coisa boa, a não ser que o cara do som decidisse estourar o grave além do que os subwoofers aguentavam, senão viraria uma tortura que só os loucos ou os embriagados aguentariam. E a comunicação parecia evoluir, ou quem sabe regredir aos mais básicos instintos em que o olhar e as expressões faciais teriam que dizer tudo. Não era onde Tom se sentia confortável, mas era uma oportunidade de conhecer gente nova, esquecer os problemas e assistir ao show daquela banda estranha que basicamente só ele conhecia.

Rapidamente o trio encontrou outros amigos, gente daquelas que só se via a cada show, festa ou aniversário, mas que ainda assim eram bons amigos. Em momentos como esses não era necessária nenhuma profundidade, só pessoas já conhecidas com quem se podia se divertir. Ainda assim, Tom foi atrás de uma cerveja e uma dose de tequila. Era o mínimo para começar a noite e quebrar as barreiras que ele tinha. O problema era que sua cabeça e seu corpo praticamente só conseguiam lidar com três possíveis estados psicológicos: sóbrio, alegre e embreagadamente alucinado. Ele raramente conseguia ficar em um estado de alcoolemia intermediário em que pudesse estar desinibido e alegre o suficiente, mas não fora de controle como ficava. Era difícil chegar a esse ponto ideal.

Depois de tomar seu shot de abertura, pegou a cerveja e saiu andando ao sentido oposto de seus amigos. Não que quisesse fugir, mas era hábito seu dar um passeio sozinho para ver como estava a festa e ver se havia outras pessoas conhecidas, aquela velha reconhecida de território era inevitável. Ele não era o cara mais conhecido do mundo, mas tinha sua pequena cota de amigos, amigos dos amigos e amigos dos amigos dos amigos. Era o suficiente para ajudar uma festa a ter vários momentos diferentes e Tom não conseguia evitar pulando de galho em galho.

Não viu nada que merecesse muito destaque. Falou com alguns amigos, reencontrou gente que não via desde a última festa em que esteve. Gente até cujo aniversário tinha passado, mas Tom tinha parado de dar parabéns no Facebook por achar superficial demais. Terminada a primeira ronda, repetiu a a tequila e a cerveja e voltou a seus amigos. O DJ estava empolgado com um som bastante diferente do que tinha na época, o que fazia com que boa parte do público se sentisse deslocada e alguns até incomodados, mas só deixava Tom feliz. De The Faint tocando Paranoiattack a The Kills com No Wow, ficava difícil parar de dançar. Esse sentimento continuou por aparentes incontáveis minutos, até que as luzes, que já estavam baixas, apagaram-se quase por todas. Ia começar a grande atração da noite, uma banda que tocava músicas aleatórias sobre desilusões amorosas e misturava com guitarras quase gritantes. Tinham conseguindo quebrar toda a empolgação de Tom sem aparente esforço, não havia muito a se fazer. Foi mais uma vez ao bar. Já era a terceira tequila e provavelmente seria a quinta cerveja. Não tinha ninguém para pedir a ele para moderar no consumo, ele tampouco achava difícil parar.

Até o show acabar já estava difícil manter a conta de quantas cervejas e tequilas tinham sido. A melhor maneira de saber disso era olhar na carteira e deduzir quanto dinheiro tinha sobrado do que tinha-se trazido, mas ninguém se importava muito com isso. A festa ainda continuava, Tom estava imparável outra vez. Ele realmente tinha gostado do coletivo de DJs que tinha organizado essa festa. Não entendia muito bem porque escalaram aquela banda meio nada a ver, mas era a vida, eram as amizades, o dinheiro ou algum outro motivo desprezível. Jameson já estava encostado na parede com a provável terceira garota da noite e provavelmente as outras duas nem sabiam disso, ele so estaria pegando um drink. Alice estava com um grupo de amigos, mais precisamente dando atenção a um cara qualquer que ela tinha achado interessante, mas que seria esquecido um dia depois. As outras pessoas estavam dançando, conversando, fofocando e bebendo.

Tudo normal indo madrugada a dentro, até que Tom, de relance, imaginou ter visto Roberta. Estava confuso e não tinha certeza. Tentou procurá-la por bastante tempo e começou a achar que era uma ilusão, afinal estava bêbado. Mas sua consciência embriagada estava certa. Roberta estava lá. Não pensou muito, afinal não tinha nem cabeça para isso. Foi andando em direção a ela, cumprimentando-a com um abraço bem apertado e com o hálito de álcool mais forte possivel. “Oooi, Beta! Tudo bom??” Ela não respondeu com o mesmo entusiasmo: “Oi, Tom, tudo bom?”. Por não estar bebendo, não tinha mesma empolgação dele. Tom prosseguiu: “Como você está, minha linda??” Estava dotado da autoconfiança que nunca teve sóbrio, mas no pior momento possível. Roberta deu um sorriso natimorto: “Tudo… e com você?” “Estou ótimo, muito bem! Só estava preocupado porque você não tinha dado mais sinal de vida desde aquele dia…” “Ah, estava trabalhando, ocupada, sabe como é, né…?” O desconforto dela era visível para todos, menos para Tom. Quando ele foi responder, apareceu uma mão puxando Roberta e perguntando: “Esta tudo bem, gatinha?”. Tom não identificou facilmente quem estava intervindo na conversa, afinal estava bastante escuro e barulhento. Porém, poucos instantes depois, o canhão de luz, de maneira quase que intencional, mirou na cara: era Luiz, o chefe de Roberta. Eles haviam retomado o namoro e Tom ficou sabendo disso da pior maneira possivel, mas manteve a expressão mais neutra possivel no momento. Roberta disse “Não, querido… É so um amigo meu um pouco bêbado e que estava acabando de dizer que precisava ir ao banheiro. Até mais, Carlos, um beijão!” Ela aproximou-se de Tom, deu-lhe um beijo em cada bochecha e virou-se. Era incrivel como ela conseguia ser cínica de forma tão natural.

Saiu caminhando atordoado. Não entendia muito facilmente o que tinha acontecido. Foi aí que esbarrou com Jameson, que disse “Tom, você está vivo?? Que cara de zumbi é essa? Vem cá, vem tomar um drink e conhecer umas estudantes de educação física que eu encontrei por aqui”.

Tom 9

[Esse é o nono capítulo. O resto, que começa no capítulo 0, pode ser encontrado AQUI.]

Após de comer e passar algumas horas assistindo seriado, Tom acabou cochilando no sofá. Acordou poucas horas depois com seu celular gritando Never Gonna Give You Up, de Rick Astley. Ninguém entendia porque ele tinha um ringtone tão estranho, ele tampouco se importava muito em explicar. Foi atender e viu que era Jameson. O fogo que seu amigo tinha era inacabável e incontrolável. Sábado nunca era dia de ficar em casa e não havia desculpa. Se fosse depender de Tom, o mais longe que ele iria era na Ovelha Negra tomar uma cerveja antes de findar a noite, mas seu amigo sempre aparecia com alguma proposta para fugir do aconchego de seu lar.

A história de hoje era o show de uma banda de rock local. Tom não lembrava direito nem o que era, mas tinha certeza de que sabia mais da banda do que seus amigos que iam. Na verdade a maior parte deles nem se importava, valia mais a festa, as pessoas e a bebedeira, o som virava consequência. Uma característica de Tom era ter uma memória que conseguia guardar mais detalhes do que ele precisava sobre bandas, gêneros musicais e o mundo da música. Muitas vezes era chamado de chato porque em momentos de embriaguez não conseguia parar de conversar sobre o artista X que estava tocando na banda Y, mas gravou o CD Z com o seu outro amigo. Talvez fosse o assunto certo na roda errada, mas era difícil parar, principalmente depois da quinta cerveja.

Tom não estava 100%. Sentia que seria melhor se ficasse quieto em casa, mas procurava nunca negar os convites de Jameson. O cara raramente arranjava uma roubada e esse “Pedigree” dele deixava Tom mais tranquilo. Vasculhando o Facebook do show/festa/quase-micareta viu que Roberta tinha confirmado sua presença. Ele não sabia como se portar em relação a isso, o misto de querer e não querer o deixava angustiado. Tinha que entorpecer seus sentimentos um pouco e abriu a primeira cerveja. Tinha passado uma ótima noite sem pensar nisso e pela segunda vez esse sentimento estranho voltava para fazer seu coração palpitar.

Uma semana parecia ter sido o suficiente para esquecer todos os meses de sofrimento sem Marina. De certa maneira, sentia-se um viciado. Foi necessária apenas a reinserção de uma pessoa na sua vida e toda uma necessidade tinha sumido e se canalizado em Roberta. Devia chamar isso de vício do amor, síndrome da paixão aguda ou qualquer nome de banda de brega. Tom sabia que não era assim com ele normalmente, mas de vez em quando parecia impossível curar-se. Desapego era uma coisa complicada.

Abriu uma segunda cerveja e começou a se arrumar. Não que isso levasse muito tempo, mas Jameson chegaria em vinte minutos e Tom não gostava de se atrasar. Pouco tempo depois, ja estava quase pronto para sair. As mensagens trocadas com seu amigo significavam que teria cinco minutos para vestir sua calça e calçar seu tênis, exatamente como planejado.

Jameson chegou dirigindo o carro e seu motorista Dinho estava no outro banco da frente, com Alice sentada no banco de trás sozinha. Sempre que estivesse sóbrio, por mais que Dinho estivesse do seu lado, Jameson tinha que estar dirigindo. Desesenvolvia suas habilidades de piloto do asfalto desde sua adolescente, época em que tinha que visitar sua família no interior. O problema era que a necessidade tinha virado vício e seu motorista dirigia menos que o seu patrao.

Alice, como sempre, estava fazendo cara feia e tinha razao. Jameson estava longe de ser o motorista mais prudente da cidade, além de ter um gosto musical demasiadamente eclético, contando com uma seleção especial para impressionar as mulheres. Nem Alice nem Tom achavam isso interessante ou sequer efetivo, mas era Jameson e ele não iria mudar.

Ensaio sobre a efemeridade de uma certa juventude

Há pouco mais de 6 meses fui agraciado com a volta de uma amiga do reino dos relacionamentos sérios [estava namorando/encoleirada, reduziu o número de pessoas com quem conversava e consequentemente sumiu até o namoro acabar]. Voltando a conversar e sair com ela, fui introduzido a uma realidade que não era tão explícita para mim antes. Algo tão diferente que nesse tempo me fez pensar e tentar compreender e que ultimamente me rendeu a coragem/vontade/conhecimento-necessário para criar este texto.

Esta juventude em questão se refere a, principalmente, um público entre 17 e 23 anos que habita o cenário LGBT [de maneira mais direcionada as festas Golarrolê, que têm esse foco apesar de uma abordagem mais “leve” e não excludente] e que em grande parte não consegue se identificar com o movimento/ideologia de maneira direta, ao contrário de outras pessoas que conheço que são mais engajadas, que têm uma visão mais acertada sobre esta questão.

São pessoas que, de certa maneira, vivem essas festas [estou generalizando em cima de uma festa, mas tem várias outras similares e isso pode acontecer em qualquer outro canto também] como se fosse Carnaval, onde basicamente ninguém é de ninguém [no mundo dos solteiros e dos relacionamentos abertos]. Eu não tenho o menor problema com isso, o pessoal está sendo feliz e aproveitando a vida como lhes convém, é bastante claro isso.

Porém o que me provoca a cabeça é a questão de que estamos vivendo em uma sociedade bem mais aberta do que nas décadas passadas e que as pessoas têm menos problema em assumir suas posições, gostos e preferências sobre qualquer coisa, mas mesmo assim eu vejo que ainda há uma conexão predominantemente heterossexual no meio de todo esse carnaval bi/pan/hetero/homossexual . Obviamente o mais incerto que se tem a fazer é generalizar e afirmar que todo mundo é de um jeito, porque com certeza ninguém é. O meu ponto é que, pelo que tenho observado nesses breves 6 meses, que podem ser pouco para formar um pensamento sobre isso, mas isto aqui é meu ensaio [O termo ensaio deve-se a Michel de Montaigne (1533-1592), que publicou o seu livro «Les Essais» em 1580, e representa um género literário caracterizado, na sua origem, por um estilo dialogante, intimista, divagante e não sistematizado, baseado na liberdade individual, na reflexão sobre os negócios do mundo, e na busca de um pensamento original] – esse entrelúdio foi grande – o meu ponto é que eu vejo num futuro breve boa parte deste pessoal voltando a ter relacionamentos mais sérios e que serão com o sexo oposto.

Não é um desejo próprio, apesar de preferência própria, mas é o que identifico como tendência neste aspecto. De várias amigas que conheci e conversei sobre recentemente, há um certo pensamento coerente com isso e que algumas outras vezes fica de maneira mais “em cima do muro” com o argumento de que o que importa é a pessoa, independente do sexo. Eu acho isso na verdade, acho isso o mais certo no final das contas. Porém eu acredito que, por razões biológicas/etnológicas/sociológicas/blablabla, acabarão tendendo por esse caminho mais tradicional.

Seria por que é mais fácil? Também. Seria por que é biologicamente certo [favor não entrar na discussão de que há sexo bom em qualquer modalidade, isso não é novidade, mas, de maneira bem simples, homem com homem e mulher com mulher não fazem filhos – isso é biologia, não credo pessoal]? Também. Porém no final das contas eu acho que é mais confortável. Apesar de cada pessoa ser uma pessoa diferente e de cada caso ser um caso, a tendência das personalidades serem definidas também pelo sexo, e daí também o fato de recebermos influências culturais a cada instante e que acabam por nos moldar, faz com que voltemos ao clichê da mulher mais meiga, vaidosa e delicada e do homem mais firme e confiante que acaba por conduzir o relacionamento [meio análogo ao que eu acho que quer dizer modos de macho/modinhas de fêmea]. Não estou falando da história de homem da casa, de prover financeiramente, etc. Estou falando da condução de um relacionamento. Tem casal que troca os “papéis” [nossos esteriótipos culturais]?  Tem e bastante, conheço até alguns casos de submissão quase completa à mulher. De vez em quando é até romântico, mas de vez em quando beira ao ridículo por causa do excesso de poder que é dado à outra pessoa [e excesso é ruim em qualquer caso].

Outra coisa importante de abordar, que eu quase que pulava, mas acho relevante e que ajuda a concluir este ensaio/diálogo-mental, notar que essa idade “jovem-adulta” é uma transição entre a adolescência e à idade adulta, onde apesar de já terem surgido responsabilidades, como o estágio/emprego, contribuir com alguma coisa em casa, nem que seja fazendo as compras do mês, tendo um carro para “cuidar”, ainda é mesclada aquela sensação de rebeldia/liberdade/deus-dará-na-micareta/necessidade-de-experimentar que vem da adolescência.

É uma urgência natural e saudável de se sentir mais livre e de ir atrás do que, se não era proibido, era pelo menos evitado, num exemplo mais simples as bebidas e experimentações sexuais fora do “padrão”. Padrão este que está sendo até mudado. Já vi alguns casos de que as meninas mais novas experimentam mais entre si do que com meninos de verdade, talvez pelo fato de que se sentem mais à vontade e menos expostas no seu próprio grupinho do que “lá fora” com os temíveis meninos [que normalmente estão com mais medo ainda].

É importante experimentar, é importante ir atrás do que se tem interesse e, no final das contas, criar e chegar a uma conclusão do que é o seu gosto pessoal em relação a  tudo na vida, apesar de muitas das coisas acabarem por ser efêmeras e transitórias [assim como eu gostava de axé quando tinha 7 anos] e outras serão verdadeiras e duradouras.

Ugo.

Kudu – Death of the Party [tá pra aparecer um cd mais coerente com essa temática.]

 

 

Un Análisis Sociocultural y Ecoturistico sobre el Encuentro Nacional de Estudiantes Erasmus en España 2011

En la semana del dia 10 al 15 de mayo más de 2000 estudiantes universitarios se reunieron en la Platja D’en Bossa, en Eivissa, Islas Baleares. La ciudad mezcla un tranquilo pueblo costero con una de las vidas notcturnas más animadas del mundo.

Lo más interesante en un  evento como el ESN Ibiza Trip es el hecho de que es muy fácil hacer amigos, pues todos estan allí para divertirse y cualquier desconocido puede convertirse en su mejor amigo en pocos minutos. Es válido decir que la ingestión del alcohol ayuda en el proceso, pero hay gente que hizo amigos bebiendo leche.

La cultura de Ibiza se confunde con la influencia de los estranjeros que fueron a vivir en la isla. En un mismo sítio se puede comer la tradicionalmente española paella y el desayuno típico americano con mucho bacon, huevo y café.

Un aspecto muy interesante de la isla es su belleza natural. Son varias calas y playas, una más espectacular que la otra. A media hora en barco está la isla de Formentera, que tiene las playas más bonitas que he visto en mi vida. El agua era azul de una manera que impresionaba hasta los menos sensibles, incluso yo. No me ha gustado, sin enbargo, haber pagado 4 euros por una Coca-Cola.

Tan importante para nuestra viaje como las visitas fueron las fiestas. Yo, como DJ amador y habiendo trabajado en algunos festivales, estaba sorprendido con la calidad de la música y la estructura de las discos.

Durante las fiestas, el nivel de interacción entre las personas aumentaba considerablemente. La mezcla entre el éxstasis causado por la música y la desinhibición del alcohol generó a varios momentos que muchos no van contar a sus hijos en el futuro, pero solo a sus mejores amigos.

El viaje fue increíble, así como el cuatrimestre aquí en la Escuela Oficial de Idiomas

Texto originalmente escrito para o curso de espanhol.

Ugo.

The Dead Weather – Horehound

Uma análise sociocultural e ecoturística do Encontro Nacional de Estudantes Erasmus da Espanha 2011 – Ibiza

Esse foi o título da redação que eu entreguei para minha professora de espanhol por ter passado uma semana sem ir à aula. Ela pediu isso para cada um da gente que viajou, uma redação sobre como foi por lá. Eu particularmente gosto de avacalhar-brincar com os títulos, principalmente quando a professora dá essa liberdade e é bastante gente fina. Por sinal, eu poderia até passar mais tempo falando dela, mas vou deixar para um post mais sobre minha vida por aqui, não sobre os acontecimentos em Ibiza.

Elucubrações a parte, mais uma observação: eu odeio reescrever textos que eu não tenho a cópia original. Entreguei o papel para Raquel, a professora, e não tenho outra cópia. Não vou forçar minha mente a reescrever o texto pelo mesmo caminho, até porque aqui tenho mais liberdade e espaço [físico mesmo, porque lá eu tinha uma folha de papel e uma caneta, aqui eu posso escrever até encher o saco ou sentir que o texto já está de bom tamanho]. Fim das observações.

Capital mundial da juventude e das baladas quase inacabáveis [eu que estou dizendo isso, não tenho referências, mas acho coerente], Ibiza é, de certa maneira, uma versão economicamente evoluída de Porto de Galinhas nas férias de dezembro/janeiro e feriadões. Pra falar a verdade, eu ia comparar com Tamandaré, mas não tem cabimento. Tamandaré não tem um ‘estabelecimento’ decente onde as pessoas vão. É casa de alguém, praia, graminha, cidade, blá blá blá [e não me falem do festival, pois festivais são… festivais, não estabelecimentos].  Resumindo, o que eu quero dizer é: lugar com praia que no verão ‘ferve’ de gente atrás de festa, sendo Ibiza trocentas vezes melhor e mais organizado.

No diário da viagem: 8 cansativas horas de ônibus de Valladolid para Valencia  para de lá pegar um barco, com direito a música [um DJ, não o famoso músico espanhol Alceu Valencia] e as pessoas praticando pela primeira vez [de muitas] a socialização via álcool. Eu também, digo logo. A festa estava legal, o povo estava animado, mas fazia um frio da porra. Acabei ficando dentro do navio mesmo boa parte da viagem. Chegamos de madrugada em Ibiza, cada um pro seu quarto e cama! Fim do diário de viagem.

Ibiza é um lugar bonito. Bonito pra cacete! Apesar de só ter ficado pela Platja D’en Bossa, o que eu vi por lá e pelo Google mostram como a praia é bonita. Infelizmente, não fui heroico o suficiente para acordar às 9h depois de ir dormir às 7 para fazer a viagem que meio que ia de ‘cabotagem’ pela ilha vendo as outras praias. Ou isso ou eu ia para a melhor festa de todas, e aí? hahahah. A cidade em si e onde a gente ficou são lugares medianos. Pra falar a verdade, são lugares praianos. Há hotéis, modestos e de luxo, as coisas são organizadas, mas tampouco é a apoteose de Dubai. Nem precisava ser, pra falar a verdade. Os lugares que têm que ser bons são, e ponto final. Nisso, me refiro aos hotéis de luxo, as boates [!!!] e as praias. O resto é detalhe.

No final das contas, no quesito beleza, quem ganha a nota 10 com unanimidade [PORTELA, 10!] é a ilha de Formentera. Alguns meses atrás, quando eu disse que ia para Ibiza, alguma amiga da minha mãe que não lembro bem quem era me mandou ir nessa ilha, disse que era muito bonita, que eu não devia perder, blábláblá. Eu não dei tanta bola, tampouco achava que teria oportunidade de ir lá. Quando soube pela organização que estava inclusa a viagem, eu não perdi a chance [mentira, eu quase que não ia porque na noite manhã anterior o motorista do ônibus atrasou em mais de 40 minutos, deixando a gente morrendo de frio às 6 da manhã sem ter nem o que fazer, então eu quase não fui, mas minhas amigas Rafa, Mal e Bela, que merecem menção honrosa por isso, me fizeram ir] eu sabia que tinha que ir. Putz, o lugar é fantástico. Eu, dois espanhóis, uma albanesa e uma eslovaca, alugamos um samba, uma espécia de buggy totalmente velho e bizarro, mas que no final foi bastante divertido. Os espanhóis foram dirigindo, enquanto a gente foi tirando foto e interagindo com o resto da ‘gangue’ [foram mais de 300 Erasmus invadindo a ilha].

La Manzana Verde

Pegamos a estrada e encontramos lugares realmente paradisíacos. A água de uma cor azul impressionante, coisa de ficar de boca aberta, e olha que eu não sou lá dos maiores apreciadores da beleza da natureza.. a gente parou em duas das praias que tinham por lá, entraram no mar, curtiram o sol [SUNPLUSSS] e tiraram um bocado de fotos, foi realmente bem legal.

Agora, chegando à análise sociocultural… o que esperar de um evento que reúne nada mais que 2000 estudantes universitários europeus na ilha mais agitada do mundo? No meu melhor recifense eu diria: bagaceira. E foi, e foi, mas num bom ótimo sentido. Todos, tirando os organizadores, eram intercambistas em alguma cidade da Espanha, o que já é uma coisa bem mais relaxada, e todos estavam a li para se divertir. Isso é muito bom porque tinha gente da mesma cidade que não se conhecia e que uma viagem de ônibus depois já era best friend! Eu mesmo fiz amizade com… recifenses [tá bom, além dos 4 recifenses, um paulista e um cearense]. É ironia do destino, mas eu estava com muitas saudades de poder falar o quase-dialeto da gente.

Era festa todo dia, praticamente toda hora. No dia da viagem para Formentera estavam todos de ressaca e morrendo de sono, afinal a maioria tinha dormido 2 ou 3 horas se muito, mas já tinha vários heróis segurando sua cerveja, enquanto eu bebia desesperadamente um litro e meio de água e devorava o croissant da salvação. Interessante foi o primeiro dia por lá, em que a programação era livre e as pessoas ficaram na praia e na piscina. Eu fiz o mesmo por certo tempo, mas não tive saco pra passar a tarde toda galetando ao sol, então decidi ir no mercado [caro pra cacete, por sinal] comprar algumas coisas pra fazer o almoço [esqueci de dizer: no quarto do hotel fiquei com 3 amigas recifenses por um problema da organização que me tirou do quarto onde eu supostamente deveria estar]. Quando estava quase tudo pronto, tirei a boa e velha Heineken da geladeira e fiquei na varanda por quase uma hora sentado ouvindo música e pensando na vida. Realmente, naquele momento eu acho que não queria mais nada.

A primeira noite foi a mais louca de todas com total e absoluta certeza. O cenário foi a Eden, nome tudo a ver com a boate que, além de uma área que era cheia de jatos de água, foi palco para um bizarro, interessante e engraçado concurso de striptease universitário. Um cidadão chegou a ficar nu só com um chapéu cobrindo o seu ‘palhaço’ e uma cidadã chegou a tirar o sutiã, fazendo o famigerado handbra. Disseram até que rolou striptease profissional, mas acho que foi na hora que eu saí da boate pra procurar comida. Ah sim, fato interessante: paguei 5 euros numa garrafa de água de 200 ou 250ml [isso mesmo, R$12,50], doeu. A maior surpresa da noite, entretanto, foi o fato de que estávamos um pouco molhados e que o filho de um harém do motorista do ônibus nos deixou mais de 40 minutos esperando no meio da rua. Todos se tremendo, afinal estávamos em Ibiza, quem iria levar casaco? Enfim.. deixa pra lá.

Segundo dia, viagem pra Formentera, tudo muito legal. Novas amizades através das viagens pela estrada e pela praia, tudo muito legal mesmo. De noite marchamos para a Privilege, maior boate do mundo com capacidade para 10 mil pessoas. Uma certa parte da boate estava fechada, obviamente, imagina a gente lotando 20% do espaço total, ia dar uma sensação de vazio digna de alguns shows mal produzidos de Recife. O tema era School Party e eu acho que foi a festa em que as pessoas estavam mais bonitas, as fotos provam, embora eu tenha me prometido não citar nomes nem mostrar fotos. Mais uma vez, rolou um striptease, e uma live performance de uma senhorita que eu não tenho a mínima ideia cantando junto às batidas do DJ, isso é bom pra variar, saber que tem alguém correndo pra um lado e pro outro, hehehe.

Alguns heróis foram no terceiro dia de manhã visitar as callas/praias de Ibiza, eu não. Acordei lá pra uma ou duas da tarde porque sabia que o dia seria longo, mas pouco tinha noção de que seria um dos melhores dias da minha vida. Fomos para um lugar chamado Gala Night, embora tenhamos ido à tarde, que de certa maneira me lembrava Aldeia. Era um lugar bem cheio de natureza que por uma hora teve a festa da espuma. Nosso ônibus chegou quando faltava menos de 10 minutos para acabar, tsc tsc. O espaço era enorme, tinha duas super piscinas, uma em que era permitido entrar, outra que não, DJs, churrasco [à espanhola , nunca vai se comparar com um churrasco brasileiro] e todo mundo espalhado por lá. Uma certa pessoa conseguiu jogar a boia de salva-vidas na piscina e ser expulso de lá, mas na maior cara de pau voltou e ainda furtou uma camisa de uma campanha de ‘responsible party’ que estava rolando por lá, entregando bafômetros e tal. Isso rendeu minha tarde de tanto que eu ri.

De noite fomos para a Es Paradis, ah, a Es Paradis… confesso que depois da Gala Night tomei uns 2 shots de tequila na tentativa de me manter o pique, mas quando cheguei lá eu tava meio desanimado. Por sorte, um dos organizadores saiu gritando pra galera que tava sentada num lugar lá da boate para que todos se animassem e não ficassem mazelando. Foi esse empurrão que eu precisava para entrar na vibe da festa e depois disso eu não parei. A música era incrível, o lugar também e quando deu 4 da manhã começou de verdade a Water Party, da qual eles são famosos. A área central lá começou a se encher de água, que estava gelada pra cacete, mas depois de um certo tempo deu pra ir se acostumando [mentira]. A concentração de gente tava tão grande que tinham ‘ondas’, de minuto em minuto vinha uma enxurrada de gente em sua direção, derrubando a galera e possibilitando mãos-bobas a granel. Eu peguei 2 copos de plástico [plástico do bom, não de festinha] e ficava enchendo de água e tacando na cabeça do povo, foi divertido, heheheh. A galera, no embalo alcóolico da festa não largou os estudos:  devo dizer que vi por lá até gente praticando conceitos de ginecologia tátil avançada…  O que eu quero dizer sobre essa noite, no final das contas é até difícil descrever de maneira que fique legal e empolgante, então de certa maneira esse vídeo aqui ajuda a explicar. Foi uma das noites mais divertidas da minha vida, a música tava perfeita, as pessoas estavam empolgadas [algumas até demais] e eu saí de lá com um sorriso no rosto difícil de tirar a cada vez que falo da Water Party da Es Paradis, e como me arrependo de não ter comprado uma camisa de lá! Observação importante: provavelmente foi essa festa que causou a gripe de pelo menos metade da ‘federação’ de Valladolid, e também das outras cidades.

Ah, Es Paradis...

No último dia a festa era na nossa Platja D’en Bossa, ou seja, não precisávamos de ônibus e cada um podia ir na hora que quisesse. De tarde o combinado era ir para um lugar da praia reunir todos os que estivessem por lá e fazer um grande botellón [gente reunida bebendo fora de um bar], e fizemos. Eu levei um copo de um litro do Burger King que continha a lendária ‘poção mágica’: 7 doses de tequila, 5 de licor de laranja, 3 de licor de maçã e 5 limões. O problema foi que eu a repeti, o que gerou uma certa amnésia e me fez acordar na minha cama [bêbado tem GPS]. Descobri até que passei meia hora conversando com uma amiga minha sem ela ter noção de que eu estava no piloto automático.. rendeu vários risos depois. Para minha sorte, acordei bem na hora de me arrumar para ir para a festa de despedida. Me fizeram um sanduba da salvação e fomos para a Space, que eu pensava que seria a melhor boate no quesito música. Acontece que o DJ era o mesmo da primeira festa, então não mudou lá muita coisa no repertório. Ah sim: era a Masquerade Party. Minha máscara era a mais barata e bizarra que tinha por lá. Comprei junto a um kit zorro para crianças, que vinha com duas máscaras de plástico e duas espadas de plástico extremamente bizarras. O elástico, obviamente, não aguentou minha cabeça, mas aí fui engenhoso: peguei um headphone seboso que a Renfe me deu na viagem de trem Madrid-Valladolid e cortei, fazendo com que o fio ficasse do tamanho certo. Voltando à festa: com certeza eu não estava com o pique de fazer um super festão. Já tinham sido 3 dias seguidos de chegar no hotel às 7, dormir e já sair correndo, soma-se isso à ressaca e o resultado é um Ugo cansado. Ainda me diverti bastante com os recifenses e voltei perto das 4 da manhã, sabendo que tinha que acordar às 9 para arrumar o quarto [hotel preguiçoso, você tem que deixar as coisas organizadas ou eles não devolvem a fiança!!].

Fizemos a arrumação mais bizarra do planeta, estávamos todos cansados e começando a gripar. Conseguimos nossa fiança e pegamos o ônibus para pegar o navio para pegar o ônibus para pegar o táxi para chegar em casa! Pequena troca de meios de transporte, hein? Essa viagenzinha foi de meio dia até 3 da manhã, momento em que gloriosamente cheguei aqui, feliz por ter voltado vivo, estressado por estar gripado e cansado.

Isso foi Ibiza… eu acho.

Ugo.

Fujiya & Miyagi – Lightbulbs [vanilla, strawberry, knickerbockers glory]

Valladolid .6

Integration Weekend, te quero de novo. Acabei de passar um dos melhores fins de semana da minha vida, mesmo com quase nenhum luxo e com uma gripe do além. O fim de semana começou com uma ‘viagem’ [30 minutos de ônibus para mim é menos que ir para a faculdade em Recife..] para Duenas, um pueblito onde fica o albergue onde nos hospedamos. Do meu lado no ônibus, Monika, uma lituana que eu não conhecia e que mostrou ser interessada em artes, cinema e gostava de ouvir singing poetry, alternativo demais para mim. Gente fina ela, o país da coitada tem 3,3 milhões de habitantes, enquanto a Região Metropolitana do Recife tem quase 3,7 milhões, apesar de obviamente a densidade demográfica ser mínima. O translado passou num instante, até porque não tinha como não, o lugar é muito perto. Quando chegamos, ajudamos o povo da organização a descarregar as coisas e fomos escolher nossos quartos. No melhor estilo albergue, cada quarto devia ter uns 10 beliches, coisa que normalmente eu não gostaria, mas foi legal para o povo ficar conversando e se enturmar mais.

Arrumação feita, voltamos para o salão principal, onde aconteceram as festas, o karaokê e outras brincadeiras, e fizemos uma dinâmica para conhecer as pessoas que estavam lá, já que eram 70 e provavelmente cada um conhecia a 10 no máximo. Para isso, fomos divididos em seis grupos, ficando eu no grupo 1. Aconteceram algumas brincadeiras para que conhecessemos uns aos outros e decorássemos os nomes uns dos outros. No meu grupo, José Luis era o coordenador, tinha um americano chamado Abraham, uma francesa chamada Annelore, uma outra chamada Federica, uma eslovaca chamada Katarina, um italiano chamado Nico, uma inglesa chamada Helen, um português chamado Luís, outra inglesa chamada Frankie e uma […] chamada Daniela, que não lembro direito de onde ela é, mas creio que seja da Polônia.

Depois da integração, as pessoas foram se arrumar e conversar um pouco. Eu fiquei com José Luis e Eduardo [dois que fazem parte da organização da ESN – Valladolid, não são uma dupla sertaneja] e fomos arrumar o som da festa. Som muito massa, com tudo que era necessário para fazer uma festa massa. Obviamente que ia faltar algum cabo para complicar a história, mas eu tinha minha bolsa mágica de adaptadores. Quando chegamos na sala de jantar, fomos os últimos, Juan pediu uma salva de palmas para o ‘auxiliar técnico e dj’ Ugo, que ficou um tanto quanto envergonhado, mas bola pra frente, hora de jantar. Para falar a verdade, não lembro o que jantei. Acho que era macarrão carbonara e depois serviram almôndegas. Ou isso foi o almoço do outro dia? Who cares.. Pois bem. Eu tava um pouco doente essa hora, mas depois de comer melhorei um pouco [vale ressaltar que tomei uma neosaldina também].

Quando fui me arrumar para a ‘Pijama Party’, tinha um bocado de gente conversando no quarto e depois a maioria sumiu. Acabei de me arrumar e fui procurar onde tava o povo. A sala de jantar tinha virado um cassino, quase, a única diferença era que não se jogava por moedas, se jogava por bebidas [shots]. Tinha uma roleta de shots e várias brincadeiras diferentes por lá. Esse esquenta demorou uma hora e meia mais ou menos, tempo que passou rapidamente por causa de tanta diversão. Eu ‘dei a sorte’ de cair um shot de Absinto [do forte] para mim. Não sei se foi o shot ou alguma outra coisa, mas desde então o mundo ficou mais alegre, sorridente e a minha dor de cabeça/garganta tinha dado trégua. A festa foi massa, toquei de 1 da manhã até umas 5 e meia, 6 horas. Reconheço que estava um tanto quanto embriagado, o que me fez tocar algumas coisas inusitadas, a exemplo de Ivete Sangalo e Alejandro Sanz cantando Corazón Partío, mas dane-se, acho que a galera gostou. Depois disso, obviamente, cama. Energia era zero.

Acordei no outro dia com fome, sede, dor de cabeça, congestionamento nasal e o diabo a 4. Quem disse que eu me importava? Sofri feito um condenado até sair à quadra e jogar um pouco de basquete com a galera [isso mesmo, quase morrendo fui jogar basquete. Pode chamar de secura ou heroísmo, depende do ponto de vista]. No começo a gente ficou só arremessando a bola sem compromisso, mas quando chegou mais gente decidimos fazer uma partida. Como eram 2 homens e 2 meninas contra um time de igual composição, não imaginei que teria algum problema eu jogar de óculos. Claro que tinha, né? Mutley tá aí pra isso. Na tentativa de fazer uma cesta entrei em contato com Kris, um belga de uns 1,90m e o cotovelo dele, eu creio, bateu nos meus óculos, que entortaram um bocadinho. Azar do cão, fui tirar os óculos e ficar de lente.

Deu a hora do almoço e nos reunimos na mesma sala onde jantamos e fizemos a jogatina na noite anterior. Almoçamos alguma coisa, aí sim creio que foi carbonara + almôndegas, e logo depois nos chamaram para uma sessão de chill out / massagem na sala de televisão. Foram umas 25 pessoas dessa vez. Acho que ninguém lá sabia que eu era razoavelmente bom fazendo massagem, mas acabei me juntando a Federica, a francesa do meu grupo. Quando acabei o ‘serviço’, ela disse que foi a melhor massagem da vida dela [pontos pra mim!] e depois retribuiu a massagem. Depois disso, começou uma música de relaxamento e ficamos lá dando um cochilo até umas 4 ou 5 da tarde. Quando me levantei de lá, fui jogar basquete de novo [a secura tava grande!], dessa vez de lentes. Durante isso, também fizeram um karaokê no salão de festas, onde a galera cantou música do mundo todo. O povo ficou conversando um tempinho até dar a hora do jantar. Comemos e fomos nos arrumar para a seguinte festa, a festa do branco, onde todos, obviamente, estavam vestidos com algo branco [a tirar por algumas pessoas sem muita noção]. Dessa vez, depois do jantar eu estava mal de novo. Decidi tirar um cochilo de meia hora, que inteligentemente ampliei para ser um cochilo de quase uma hora. Depois, o esquema foi o mesmo, se arruma, esquenta-cassino e depois festa. A diferença dessa vez foi que eu no meio da noite passei o comando para Pajares, outro coordenador da ESN, e fui aproveitar a festa merecidamente.

No outro dia, menos ressaca [estava mais doente, bebi bem menos] e o mesmo inferno nasal que me acomete até hoje [e que tudo indica que amanhã estará dando tréguas]. Tomei café da manhã, conversei um pouco e fui jogar mais basquete. Almoço, massagem/chill out no mesmo esquema. Fiz massagem em Marta e Sara, duas espanholas, e em ser estranho. Quem é ‘ser estranho’? Não sei. Eu falei primeiro com ela na primeira festa, mas não lembro seu nome de lá. Tampouco lembro de onde ela é. A única coisa que sei é que ela não fala quase nada de espanhol. O pior é que ninguém sabe direito quem é ela ou o nome dela. Não sei nem quem são os amigos dela porque ela não tinha um grupinho fixo. Resumindo, ser estranho. Como eu nunca nego massagem, ela fez em mim e eu retribui. Durante isso, ri demais com uma grega louca que estava lá. Ela é meio transtornada da cabeça. Fez uma massagem em Eduardo [o mesmo que me ajudou a ajeitar o som] em que dava uns tapas muito barulhentos e fazia a galera rir horrorres. Depois que as coisas se aquietaram, mais cochilo. Quado acabou o chill-out, já era hora de arrumar as coisas para ir. Não sem antes jogar uma partida de basquete contra Andrés, um amigo do México. Ele ganhou por 7-5, mas o jogo foi divertido. Depois disso, ônibus para Valladolid, onde voltei mais uma vez conversando com Monika. Chegando na Plaza de la Universidad, me despedi da galera e fui para o antro da salvação: o Jardim de Istambul. Kebab de jantar [a vontade de cozinhar ou preparar algo definitivamente não existia em mim] e me fui para casa. Guardei as coisas [estou com um bocado de roupas sujas que venho lavando desde ontem] e fui dormir.

Assim acabou um dos melhores fins de semana da minha vida.

Ugo.

Franz Ferdinand – Tonight

 

Quarto

Esse foi, de longe, o dia mais divertido. Primeiro pelo fato de que eu acordei meio dia e meia, sem alarme, sem Joh enchendo o saco, sem nada. Poucas coisas são melhores que acordar assim do nada. Mais uma vez, esperamos Chico chegar aqui para ver o que íamos fazer. Decidimos almoçar aqui perto, no gueto mesmo, num restaurante bem tranquilo e limpeza. Pão sírio, frango e batata frita, suficiente para começar um dia bem calórico, mas vamo que vamo. Decidimos ir visitar a torre Eiffel, já que eu não tinha subido lá e Joh ainda não tinha ido ver.

Por causa da fila e da capacidade de poder parar em no meio da escada para tirar fotos, decidimos subir a torre na canela. Não pensem que a brincadeira é fácil, mas também não é de outro mundo, além do que o friozinho ajuda muito nessa época do ano! O primeiro andar foi mais difícil que o segundo porque a gente estava ‘frio’, então o cansaço foi grande. Tiramos algumas fotos [quando tiver eu posto, prometo!] e subimos para o segundo andar. Estávamos de boa por lá tirando mais fotos até que chega uma funcionária da torre pedindo que todos se retirassem porque havia alguma emergência [que não me foi explicada até agora]. Tivemos que descer aquela escadaria dos infernos em ritmo de procissão, uma encheção de saco incrível, além do fato de ter estragado a visita.

Sentamos por um tempo num banquinho do jardin da École Militáire para ver umas fotos das viagens de Joh e descansar um pouco. Fomos jantar [McDonalds de novo, é fogo] e comprar um batom de manteiga de cacau ou algo parecido, mas que veio me trazer a salvação, o frio – que não tá muito forte – estava rachando os meus lábios. A gente foi numa farmácia e a mulher disse que o mais barato que ela tinha era 4,50 euros [uns 10 reais, digaí]. Obviamente que a gente não ia comprar isso. Atravessamos à rua e fomos ao Monoprix, uma grande loja que vende tudo, mas eu acho que o foco são coisas femininas. Whatever, mulher tem o lábio rachado também. Achei por lá uma infinidade de batons com propriedade hidratante e acabei comprando 2 por 2,47, bem melhor, hein?

Depois do jantar, Chico foi para casa se arrumar, Joh foi para o Le Zenith ver o show do Sum 41 e eu vim pro hostel esperar o povo decidir o que ia fazer da vida. Katrin tava aqui e a gente ficou conversando até Chico me ligar dizendo onde ele estava com os amigos, no caso era um bar afro-cubano, coisa fina. A alemã bipolar decidiu ir com nóis e Joh chegou na hora certa.

Pegamos o metrô e fomos para lá. No bar conheci a segunda alemã, um argentino-mais-que-italiano, uma colombiana e uma islandesa que chamarei pelas nacionalidades porque não lembro o nome de ninguém [e não foi birita, mas só falaram uma vez e eu não fiquei prestando atenção, embora eu ache que o nome do argentino seja Emanuel e o da Colombiana seja Angela, mas são só palpites]. O bar estava cheio de gente, a maioria africanos, dançando umas músicas bem divertidas, mas não tinha como a gente ficar, pois não haviam cadeiras. Decidimos andar e ver se achávamos alguma coisa interessante. As alemãs se juntaram e saíram andando na frente, com o resto do povo só seguindo a uma certa distância. Vimos que não estávamos indo a lugar nenhum [e isso rendeu um grito meu de HALT para as alemãs pararem] e decidimos voltar e procurar alguma coisa por onde estávamos [Rue Saint-Denis].

Achamos o O’Sullivans, um lugar que me encantou desde o começo. Ele é o que o UK Pub quer,ia ser quando criança, mas não teve personalidade. Lá toca rock, AC/DC, Nirvana, Muse, etc. Lá todas as paredes são intencionalmente pixadas, fazem parte da graça do bar, além de haver vários quadros de personalidades da música, como Elvis, Bowie e Iggie Pop. O bar servia cerveja de 500ml [long neck my ass] e os atendentes eram simpáticos. A bronca é que Paris é Paris e tudo é caro por lá [a cerveja no copo de plástico de 500 ml era 6,30, a no copo de vidro – marcas diferentes – era 8,algo e uma lapada de tequila era 8,50!!], mas deu pra curtir com 3 cervejinhas e 1 tequila. No meio da noite ainda apareceu um cara do hostel, amigo da alemã, para completar a tchurma. Foi bem legal a noite, até que às 4h30 +- o bar fechou.

Não tínhamos muito o que fazer, pois o metrô tava fechado e a gente não estava muito a fim de ir andando ou de ônibus. A alemã não-bipolar decidiu chamar todos para a casa dela para ficar por lá até dar a hora. Eu pelo menos não fui muito simpatizante dessa ideia, já que a gente chegou lá às 5h15, faltando um quarto de hora para o metrô voltar a funcionar. Whatever, vamo simbora para lá. Chegando na casa dela, um sofá enorme que dava para 4 ou 5 pessoas. Quem sentou/quase-deitou por lá estava seriamente propenso a dormir [e foi o que aconteceu com a islandesa]. A cara de morte/tédio de Joh era hilária e Chico tirando um cochilo encostado na tampa do laptop da dona da casa também. Fiquei lá de boa esperando até quando eles iam ter paciência para aguentar essa brincadeira, hahahah. Não demorou muito mais que 20 minutos até Chico ter a iniciativa de puxar o bonde. Aí foi todo mundo. Só a alemã ficou [óbvio, a casa era dela, a bipolar veio com nóis].

Metrô, hostel, cama!

Ugo.

The Whitest Boy Alive – Rules

Autismo etílico

Beber pode ser uma atividade bastante social, mas tem gente que bebe sozinho, tipo eu. Lógico que depende também, não falo de beber até cair, pode ser beber só para relaxar num dia em que as coisas tão chatas, claro que pode também beber sozinho pra comemorar, embora seja meio raro a pessoa fazer isso, creio eu.

O incrível é a capacidade de beber sozinho num lugar cheio de gente conhecida, tipo o UK Pub. Eu vou pra lá dia de terça sozinho porque sei que vou encontrar gente conhecida por lá, mas tem dia em que você não está a fim de ficar preso a um determinado grupo, nada de anormal nisso. O problema é, no meio de tanta gente a pessoa sair andando e quando vê, já está no taxi indo pra casa sem motivo aparente.  Why the hell???

Muito chato sofrer de autismo etílico, embora essa minha ‘doença’ tenha aparecido recentemente e já tenha me feito pegar um taxi do Arcádia Apipucos para Setúbal sozinho (tá bom, quando o carro começando a andar apareceram três cidadãs das quais eu não sei o nome, não lembro a cara e não tenho a mínima ideia de onde elas ficaram no meio do caminho) às 6h da manhã de um sábado, quando eu deveria ter ido para a Torre dormir na casa do meu primo.

Por sinal, o autismo etílico já me fez pegar um ônibus (inclui aí esperar 45 minutos para o maldito passar) do Mercado Eufrásio para minha casa às 4 da manhã, quando a festa nem dava sinal de acabar. O pior foi cochilar nesse ônibus e acordar rumo ao terminal de Piedade. Todo esse rolo me fez chegar em casa às 7h30 da manhã.

É fogo isso, mas se pensar bem pode ser só minha tolerância a festas super mega longas  diminuindo, ou eu bebendo rápido demais. Vai saber.

Ugo.

Janelle Monae – The ArchAndroid (bizarro o título do cd, mas bem legal)

Reveillon longe

Passei o reveillon em Maracaípe. Fui pra lá por causa da festa que teve chamada La Lune, a top das tops das festas de reveillon que ocorreram esse ano. Falando sobre a viagem e o pré/pós show foi tudo tranquilo, fui com meu primo Rômulo e um amigo nosso chamado Chico, rolou uma peixada no Bar do Marcão, cervejinha de leve, cochilo da tarde e deu tudo certo, mas o que me motivou a escrever esse post foi onde eu tava.

Maracaípe é uma praia bonita, cheia de gente e tudo mais, porém 99% dos meus amigos tavam em Recife, fosse no Enchanté, fosse na Av. Boa Viagem ou em algum outro canto, mas tavam lá. Eu fui pro La Lune por causa da festa e não dos meus amigos e até agora me pergunto se não teria sido melhor ter ficado por aqui a troco de ir para uma festa menos legal, mas que nela eu teria certeza que encontraria bem mais gente, comemoraria e curtiria mais do que eu fiz lá em Maraca.

Esse post tá bem trash, não tou muito a fim de sair escrevendo pra deixar tudo explicadinho, o que vale é o questionamento festa x amigos que tá ocorrendo agora na minha cabeça.

Ugo.

Teclas Pretas – Nó dos Mais Gravatas